º~Lohanne~º“o breathe the name
Of your savior
In your hour of need
And taste the blame,
If the flavor should remind you of greed
Of implication, insinuation and you will
Till you cannot lie still
In all this turmoil
Before red cave and foil
Come closing in for a kill”
-Ugh – ela ergueu a mão e tocou a testa, sentindo arder, sentindo doer mais do que qualquer coisa. Sua visão estava turva, confusa e ela tentou se lembrar dos últimos acontecimentos.
Estava no festival e inverno, um estranho conversava com ela, estranho, não era estranho, havia um chamado, havia a vampira que se transformava, havia uma droga sendo distribuída entre vampiros, havia a associação cada vez menos influente entre os seres noturnos.
Ela forçou os olhos, ouvindo o barulho de água corrente e então olhou em volta. Havia cheiro de sangue no ar. Ryan... havia cheiro de sangue no ar... Lewis.
Aquilo foi como uma onda de choque em seu corpo e ela se ergueu do chão, ou tentou, suas mãos e pés escorregaram no lodo mau cheiroso e ela tentou novamente compreender onde estava.
O ar era pesado, frio e o barulho de água corrente, lodo por todo lugar, pequenas criaturas correram quando ela tentou se erguer e caiu.
Sua visão do olho esquerdo estava manchada, turva, mas o lado direito compreendeu e focou a imagem: as paredes se arredondavam e seguiam para mais e mais distante, onde aquela água imunda caia. Estava dentro de uma tubulação de esgoto.
Ela tentou limpar o olho ferido com a manga da blusa, sem sucesso, suas roupas estavam tão imundas quanto aquele chão fétido. À sua volta, pequenos corpos dilacerados cobriam o chão: ratos, gatos e até mesmo um cachorro. Lohanne sentiu seu estômago embrulhar e se esforçou para se levantar novamente.
“O que está acontecendo?” – ela se perguntou, sentindo o corpo fraco pelo esforço homérico de se manter em pé. Sua visão turvou novamente mas ela conseguiu se apoiar na parede.
Passos trôpegos a guiaram na direção contrária do que a água vinha e ela achou outro corpo, humano, ou o que havia sobrado dele: a cabeça e os membros superiores haviam sido arrancados a dentadas de um animal, um animal muito grande.
Sua cabeça latejava a cada novo passo, sua garganta ardia de segue, seu corpo estava fraco pela fome.
Mais corpos, cheio de moscas, cheirando a podre, mutilados, impedindo seu avanço. Ela arrancou o casaco imundo e jogou por cima deles, se apoiando na parede para escalar e alcançar o outro lado.
Ela tropeçou e caiu de joelhos. Há quanto tempo estava ali. Suas mãos afundaram no lodo, suas roupas pesavam e o cheiro se tornava cada vez mais insuportável.
“Se concentre...” – ela disse a si mesma e então olhou para a água que caia, uma ideia estúpida mas com certa lógica surgia em sua cabeça.
O túnel à frente parecia ter muitos e muitos quilômetros de extensão e ela não parecia ter muita energia para dispor, mas se algo levasse ela, aquilo seria mais fácil, muito mais fácil.
Não foi grande esforço deixar seu corpo cair na água e ser levado, estava fria, intensamente fria, mas não estava tão suja como imaginava, o mau cheiro vinha dos corpos espalhadas mais ainda do que daquele esgoto.
Enquanto era levada, sua visão se acostumava ao teto arredondado e esverdeado, o cheiro dos corpos ficava para trás e sua mente parecia focar. As lembranças ainda eram névoas, mas estava viva e aquilo era importante. Era o primeiro passo para descobrir o resto.
Então algo lhe chamou atenção, pintado de sangue escuro no teto uma única palavra se destacou na pouca luz que entrava no local: Caçada.
O seu corpo reagiu e ela tentou se firmar na correnteza, para ver se havia mais coisas em volta, mas seu corpo afundou e ela quase se afogou.
Arfando, ela voltou a superfície e olhou em volta. Não havia mais corpos no caminho e a temperatura parecia mais fria, não na água, mas no ambiente e então seu corpo submergiu novamente.
-Ahhhh – o grito escapou e logo foi abafado pela água, quando a correnteza puxou seu corpo para baixo. Ela sentiu seu corpo bater contra canos e galhos de árvores e por instantes terríveis suas mãos tentaram agarrar em algo, até que ela viu o clarão e então seu corpo caiu no ar até afundar novamente.
Dessa vez ela conseguiu chegar à superfície, olhando em volta assustada, seu corpo todo reclamando ao menor movimento, mas era necessário.
Parecia estar numa estação de esgoto, numa barragem onde a água provavelmente era despejada para ser filtrada. Ela nadou até a margem, que parecia estar distante a cada nova braçada, se esgueirando pela grama baixa e procurando qualquer sinal de vida por ali: funcionários, pessoas, mas não havia nada. Seria um lugar abandonado? Onde poderia estar?
Sua camisa de mangas longa estava rasgada, sua calça estava totalmente ralada nos joelhos. Mesmo com frio, ela tirou a camisa em trapos e jogou de lado, deitando-se de costas na relva. O sol se punha, seu corpo estava frio e sua visão voltava a turva, além de estar privada da visão de um dos olhos.
“Onde estou? O que aconteceu? Onde está Leon?” – seu coração doeu, algo lhe dizia que algumas coisas haviam dado errado, haviam dado muito errado.
º~Yan~º“Come feed the rain
'Cause I'm thirsty for your love,
Dancing underneath the skies of lust
Yeah feed the rain
'Cause without your love
My life ain't nothing but this carnival of rust”Gelo, unhas afiadas e cumpridas retiraram uma linha da fina camada de gelo sobre a pele branca de mármore. Seu corpo estava quase cadavérico, seus olhos fundos, rodeados por carne cinza, lábios finos e rachados e seus cabelos estavam opacos, encardidos.
Apesar da fragilidade externa, internamente ele sentia a vida fluir, forte, tão forte que suas veias doíam, formando fios negros sob a pele. Seus olhos estavam azuis, celeste, vívidos e acompanhavam aqueles veios que tinham apenas um destino: seu coração.
Então ele sentiu dor, a dor de cada batida do coração, como se ele fosse um bloco de gelo, o que, àquela altura, era verdade.
Ele se ergueu, esteve deitado e inerte naquela caixa de pedra por muito tempo, sequer podia dizer quanto, sua consciência havia sido tomada. Por quem? Por ela...
Ainda vestia as calças da noite de núpcias, o tecido envelhecido e rasgado, coberto por neve e cinzas. À sua volta ossadas humanas e de animais, mas nenhum havia sido consumido por ele, ao menos, ele não os havia caçado, ou trazido até ali.
Confuso, ele tentava se encontrar no hiato de tempo, do casamento até aquela mulher na neve, mas tudo parecia distante, em outra vida.
“Ruri” – ele pensou e aquilo fez seu corpo se agitar, se erguendo de vez e pulando em meio aos ossos. Suas mãos em garras, unhas longas, animalescas. O que havia acontecido com sua irmã e seu filho?
Ele caminhou, notando os pés descalços, a pouca claridade que vinha de um buraco no teto e sua visão vampírica o ajudaram a distinguir o local: uma tumba.
Nada mais vivia ali além dele e isso ele sentia claramente, mas a morte, esta sim, rondava cada centímetro do lugar.
Ele caminhou até a luz, neve caia como uma chuva fina e delicada de frio, ele ficou exatamente embaixo do buraco e olhou para cima e então ele se abaixou.
A pele de suas costas rompeu e então asas tão brancas como sua pele e formada por seus próprios ossos se formaram. Aquilo o fez urrar de dor, como um animal, mas algo lhe dizia que era familiar, embora, daquela vez, o destino seria diferente.
Ele moveu as asas, esticando-as ao máximo e então batendo, fazendo ossos e poeira rolarem, misturando-se a neve.
Ele subiu e então alcançou o topo, pousando a beira do buraco. Ele ergueu a cabeça lentamente, ainda tentando entender aquelas atitudes tão familiares e então, diante dele, ele a viu.
“Yan Yuriev, você deve despertar” – ela estava em sua mente e isto doía – “A glória que seu sangue almeja, o poder que sempre desejou está em suas mãos agora”.
Uma benção ou uma maldição? Aos poucos, as peças do quebra cabeça de seu sono foram se formando em sua cabeça e, cada dia daquele ano passava em segundos em seus pensamentos, mas agora não era o momento de descrever isso e sim de retornar.
“Você vem?” – ele olho nos olhos daquela mulher e então a viu sorrir.
“Sim, afinal, eu sou você...” – e então ela caminhou até ele e uma onda de choque grande bateu em seu corpo.
º~Selena~º“It's all a game
Avoiding failure
When true colors will bleed
All in the name of misbehavior
And the things we don't need
I lost for after no disaster can touch,
Touch us anymore
And more than ever
I hope to never fall,
Where enough is not the same it was before“
Ela estava sentada à cabeceira da mesa, olhando os poucos vampiros nobres, em sua maioria mulheres que a encaravam de volta, assustadas, perdidas. Eles esperavam algo dela, algo a mais, mas ela mesma se sentia perdida, pequena.
Ao seu lado Treja cuidava do pequeno Renan Yuriev, afinal Ruri havia partido, em busca de Yan, mesmo que Selena houvesse implorado para que ficasse, mesmo que tudo estivesse desmoronando.
Selena poderia ter simplesmente impedido, mas não o fez, ela mesma já havia sentido aquilo há centenas de anos atrás, tantos anos que parecia como outra vida.
“Mic fratele” – sua mente voltou ao passado. Gêmeos, parte um do outro, iguais e diferentes. Unidos, até que a idade havia chegado, até que os clãs haviam resolvido se unir. A decisão de Viorel não deveria ser revogada, jamais.
Uma guerra iminente fora apagada pela proposta de casamento, mas era tarde. Ela amava seu irmão, tal qual ele a amava.
“Juntos, vamos conseguir” – ele havia lhe dito certa noite, próximo ao lago da gruta e ela tomara aquelas palavras como a única verdade de todo o mundo.
“Juntos” – ela olhou em volta. O laço infinito que os unia lhe dizia que ele ainda estava vivo, mas ela não tivera qualquer notícia dele durante aquele ano que se passará, nem dele e nem de Yan e agora Ruri sumia na neve, atrás de seu próprio destino.
-Senhores – a voz de Selena ecoou pelo salão, calando todos os demais burburinhos. Ela teria que escolher cada palavra, pois qualquer uma poderia ser um erro e ela perderia os poucos aliados que Eleazar deixara para trás.
- Nosso clã não tem experimentado a mesma glória do passado isso é verdade, nossos homens desapareceram na neve, mas é dela que somos feitos – ela olhou um segundo pela janela e voltou a olhar as mulheres e jovens crias, jovens vampiros nobres sedentos e impacientes.
-Se a neve os pediu é porque ela precisa deles e nós devemos manter seu lar seguro para quando retornarem, devemos criar seus filhos e nosso novo rei – ela olhou para Renan, ele dormia embalado nos braços de Treja.
-Nosso inimigo bateu em nossa porta e foram necessários acordos, eles nada mais levaram do que traidores e não precisamos de traidores. Nossa linhagem é forte e antiga, sangue fraco mancha nossa luta e não precisamos dele.
-Nos manteremos unidos sob essas paredes e fora delas, a humanidade é inferior e o sangue Kuran não carrega metade da história que o nosso carrega, então, não há o que temer. Nós somos o começo de tudo e seremos o fim deles.
Selena ergueu-se de seu trono e então passou a caminhar pelo salão, rodeando seus convidados.
-Seremos forte e eu serei a maior força de vocês – ela então bateu palmas e alguns criados se apressaram para fora da sala. Ela então aguardou em silêncio, ouvindo cada respiração, sentindo cada sensação que corria por cada um daqueles vampiros.
Então eles entraram na sala, vários deles, em fila, presos uns aos outros por correntes, numa estranha espécie de transe.
- Alimentem-se meus queridos, retomaremos nosso lugar e precisaremos ser fortes e, como disse, eu serei a força de vocês – ela então fez um pequeno corte com a própria unha em seu pulso e logo olhos em todos os cantos da sala ficaram vermelhos – Venham a mim, minhas crianças e, assim como nossa mãe Lilith, eu lhes proverei a vida.
º~Stelian e Leina~º“Come feed the rain
'Cause I'm thirsty for your love,
Dancing underneath the skies of lust
Yeah feed the rain
'Cause without your love
My life ain't nothing but this carnival of rust”A risada de Leina, aquele era o melhor som de todos, a presença dela lhe trazia conforto, conforto que ele sabia que poderia ser temporário. Mas meses haviam se passado e um ano inteiro se fora sem notícias de Eleazar e Yan Yuriev.
Loran havia se aproveitado da ausência deles e com estratégia conseguiu reaver o filho de Tohru e como parte do acordo, Leina viera com eles.
Stelian seria eternamente grato por aquilo, mas ainda se sentia reticente sobre a situação como um todo. Confiar em Loran no momento de necessidade e confiar em Loran agora eram coisas distintas.
-Você esta pensativo – Leina interrompeu, enquanto Stelian dirigia em direção à mansão – O que acha que houve com Yan e Eleazar? Acha que estão mortos?
-Não, não estão mortos – ele afirmou, seus olhos se perdendo na estrada à frente, sem encarar Leina – Eu estou com medo, eu não me sinto seguro com os Kuran, acho que a proteção deles ainda nos trará algo pior do que estar à mercê dos Yuriev.
Leina franziu o cenho. Ela entendia em partes a resistência de Stelian a respeito de confiar em alguém novamente, mas ela não conseguia ver Loran como inimigo. Mas ela também não vira Yan como tal.
-Como pode ter tanta certeza sobre eles ainda viverem? – Leina temia que Stelian lhe escondesse algo e escondesse algo de Loran. Aquilo poderia ser um jogo perigoso demais – Eles me trouxeram de volta, eles não tinham motivo para isso.
-Acredita mesmo em bondade? – Stelian a cortou e Leina bufou – Loran sabe que eles estão vivos, ele teria tomado as rédeas da situação. Algo está prestes a acontecer Leina – Stelian tinha a voz baixa – Por que eles sumiriam por tanto tempo, arriscando tanto? Yan sumiu tão logo seu compromisso com Tohru Kuran foi firmado, sequer retornou quando ele foi desfeito. Eleazar levou quase todos os nobres e mestiços da colônia, um dia após o casamento. Selena foi complacente demais ao entregar Katsuya. Há algo acontecendo! – ele respirou fundo – há muitas coisas acontecendo e eu acredito que nem todos nos tem tido. Além disso, este novo casamento da senhora Kuran, isso pode ser um erro... – ele se calou. Não sabia como explicar, as coisas simplesmente não se encaixavam.
Leina colocou a mão sobre a dele quando ele trocava a marcha e então ele estremeceu.
-Eles podem estar mortos – Leina disse num tom calmo, mas ela também não acreditava nisso – ou se preparando – sim, aquela era uma possível verdade.
-Se preparando – Stelian repetiu e então parou o carro no acostamento – Leina – ele a olhou por longos segundos – Eu não posso te proteger deles – o tom de fracasso era visivelmente presente em sua voz.
-Eu também não, mas o desespero sempre nos traz esperança – ela riu de um jeito quase irônico e Stelian não pode deixar de sorrir.
- Você é idiota – ele então se inclinou sobre ela e lhe beijou a testa.
- Você é idiota – ela colocou a mão sob o queixo dele e empurrou o rosto dele para cima, afastando-o – Agora dirija, ou a guerra vai começar por um simples atraso, com o senhor Kuran achando que fugimos.
-Eu bem que queria – ele completou, pouco antes de pôr o carro em movimento.
-Você ia me deixar novamente – ela perguntou num tom de brincadeira, mas a expressão dele logo se fechou e eles ficaram em silêncio o resto da viagem.
“Você é estúpida Leina” – ela pensou, respirando fundo e encarando a estrada em silêncio.
º~Eleaza~º“Yeah feed the rain
'Cause I'm thirsty for your love,
Dancing underneath the skies of lust
Yeah feed the rain
'Cause without your love
My life ain't nothing but this carnival of rust”
Eleazar e Yoran caminhavam lado a ladoe, embora Yoran lhe passasse cada detalhe de tudo o que ocorria, Eleazar tinha sua mente distante. Ele já sabia o suficiente sobre a nova droga: Fortalecia leveis mais baixos, mas os deixava sob um único comando, como robôs ou zumbis. Potencializada com o sangue ancião que Eleazar coletara do vampiro em torpor em Hoia Baciu a droga trazia ainda mais vantagens para aquele exército: até mesmo os nobres estavam domados.
A base que havia montado na Islândia era capaz de produzir o sangue sintético através de proteína animal, extraindo os ingredientes base da droga e, em seu corpo, o sangue do ancião era multiplicado em cada uma de suas células, provendo a eles um infinito estoque da droga.
Lá, ele também acompanhava cada passo de Kuran e também o sumiço de Yan. Onde estaria seu filho?
“Ele não é seu filho...” – aquela frase surgiu em sua mente e então ele parou de andar, Yoran interrompeu o repasse diário de informações e o olhou com estranheza.
-Senhor – ele chamou-lhe a atenção de maneira respeitosa – O que houve?
-Nada – Eleazar retomou sua postura e tornou a caminhar – você dizia que a cada novo dia as cobaias ganham força de nobres e nobres de puros e os humanos? Qual efeito em humanos?
Yoran respirou fundo. O sangue ancião nas veias humanas tinha tido efeitos devastadores e transformados os humanos em canibais irracionais. Não poderiam contar com humanos no exército, somente os transformados.
-E quais são nossos números? – Eleazar perguntou, enquanto caminhavam numa área com diversos equipamentos esportivos, os exercícios eram feitos de maneira sincronizada e com perfeição.
Yoran passou um relatório impresso para Eleazar e este aprovou com a cabeça, parando então no mezanino, tendo uma visão panorâmica do local onde se encontravam.
O local parecia uma mistura de base militar com uma indústria farmacêutica,
-E os campos? – Eleazar perguntou – Como estão as experiências nos campos.
Mais uma vez Yoran respirou fundo.
-Senhor Yuriev, como disse, os teste sem humanos não tem sido um sucesso, mas estamos testando variações e algumas cobaias de origem africana tem respondido melhor ao sangue mais fraco, embora a animosidade ainda esteja incontida, o sangue permanece mais tempo em suas veias.
-Podemos usa-los como linha de frente – Eleazar disse simplesmente, se aproximando da parapeito e observando. Dois mil vampiros, nobres e mestiços, transformados, treinando sob seus pés, desenvolvendo habilidades e potencializando seus poderes. Todos sob seu comando.
-É algo a se orgulhar – Yoran comentou se aproximando.
-Sim – Eleazar respondeu de maneira seca. Ele não sentia nenhum motivo para se orgulhar.
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º~Kairen~º
“Don't walk away, don't walk away,Ooh when the world is burningDon't walk away, don't walk away,Ooh when the heart is yearningDon't walk away, don't walk away,Ooh when the world is burningDon't walk away, don't walk away,Ooh when the heart is yearning”
O ar frio da noite tocou seu rosto, ou teria sido um paralelepido úmido? Seu corpo estava caído ao meio fio, um rasgo imenso cobria a lateral, expondo suas costelas. Sombras deixavam o corte, ao invés de sangue e ele ria, ria sentindo o gosto do asfalto em suas lábios.
Ria de modo histérico para a noite vazia e silenciosa, para a neblina, para a mulher morta diante dele.
-Você achou mesmo – ele sibilou – achou mesmo que me prenderia aqui para sempre? – ele se ergueu nas mãos, afastando o rosto do chão, uma cachoeira de cabelos negros caindo até a altura do braço.
A mulher gemeu, beirando a inconsciência e então um vulto negro pulou sobre ela, um imenso lobo que passou a dilacerar seu corpo. Cada dentada e mordida, um membro era engolido pela criatura.
“Freya” – cada pedaço ingerido fazia rugir uma memória da ruiva. Por quanto tempo estivera oreso? O que poderia ter acontecido a ela? Ela não lembrava dele... ela lembrava dele!
Um uivo cortou a noite, alto, longo, selvagem. Ele abocanhou o rosto dos resto do corpo da mulher e então engoliu, os ossos arranhando sua garganta.
-Freya – ela murmurou entre seus dentes sujos de sangue. Seu coração desejava apenas uma coisa: vingança.