+ Nero +
Nero continuava sorrindo largo e perverso. Aqueles gritos e gemidos de pavor e dor eram quase como uma agradável sinfonia para seus ouvidos. Inclinou a cabeça para o lado e se aproximou de Victor, sentando sobre os calcanhares diante do humano caído sobre a neve.
- Tsc, onde acha que está indo, minha pequena presa? As chamas do inferno já chegaram a você - o ruivo cantarolou - Mas eu vou ser bonzinho e deixar pro capeta terminar de te lamber em fogo.
Estalou os dedos e as chamas sumiram. Então segurou o punhal e fincou nos calcanhares do humano. Nero não sabia nada sobre medicina para poder localizar onde ficavam seus tendões mas não importava, a dor de punhaladas nos pés já impediriam aquele moribundo de fugir. Mesmo que o outro já estivesse fraco para fugir o vampiro queria infligir dor nele. Queria que Victor sentisse ainda mais dor e medo. Que soubesse que suas possíveis tentativas de fuga seriam em vão. Que ele iria morrer ali e não teria sequer como tentar se defender. O humano iria somente assistir e aguardar a morte enquanto a vida se esvaia de seu corpo.
- Por quê...? - Nero aqueceu a arma até que a lâmina estivesse incandescente e fincou na coxa de Victor.
Quando o humano se curvou por causa da dor, o vampiro o olhou nos olhos com a face tão próxima que Victor podia sentir seu hálito. Sua vontade era cuspir todos os crimes na cara daquele desgraçado, queria que ele soubesse o porque estava morrendo e que se sentisse ainda mais aterrorizado antes de morrer. Queria que ele soubesse que estava morrendo por causa das coisas horrendas que ele fizera à Louis. Mas Nero não podia contar. Já estava se arriscando demais em ter aparecido para aquele maldito, se contasse toda a verdade a ele seria como se assinasse a sua própria sentença de morte. Por causa daquela merda daquele vampiro fazedor de voodoo Magnus poderia descobrir aquela brincadeira. Teria que disfarçar seus motivos.
- Não é de hoje que eu quero fincar as minhas presas em você, seu verme - o vampiro segurou seus cabelos e puxou para que ele o encarasse melhor - Sempre me afrontando... Sempre se achando superior... Uma escória como você, um mísero humano de merda não deve se achar melhor do que um vampiro. Vocês são apenas gado, sempre foram e sempre serão. Eu não podia deixar você ir pro inferno sem te ensinar essa pequena lição...
Nada do que o vampiro dissera era mentira. Ele também sentia ódio de Victor pela forma com que ele andava pelo pub com seus capangas afrontando e se achando superior a Nero somente porque Magnus havia designado a ele cuidar de Louis e mantivera aquilo em sigilo. Qualquer um que o chefe perguntasse lá dentro poderia confirmar a história do ruivo.
- Eu não sei o que o chefe mandou você fazer - mentiu - todo misterioso indo e voltando e sempre dizendo pra mim que isso não era da minha conta... Isso me irritou bastante, sabia? Me dava vontade de te explodir ali mesmo dentro do pub... Mas eu não podia fazer isso com platéia, podia? Eu queria o espetáculo só pra mim, sem interrupções - sorriu - E eu sabia que com o que aconteceu você ia voltar como o bom cãozinho de guarda que é... Pra ver a gente se foder enquanto você paga de bonzão e olha a gente com essa sua arrogância achando que é o rei da cocada preta... Eu não podia perder a oportunidade.
Nero tirou a adagada perna dele e lambeu o sangue na lâmina, sorrindo com os olhos vermelhos enquanto ainda segurava seus cabelos com a outra mão.
- Eu não vou me foder nessa sozinho, Victor. Se eu for mesmo me foder, então eu vou pelo menos fazer o que já estava querendo há muito tempo e tenho um castigo só... - o ruivo puxou os cabelos dele para trás para deixar o pescoço do humano exposto - Já provou da mordida de um vampiro antes? Deve ter provado, cercado por eles... - Nero riu - Eu vou te dar uma nova experiência então... Espero que aproveite cada segundo porque só vou fazer uma vez - riu debochado olhando com maldade e malícia.
Assim que terminou de falar fincou as presas na carne do humano, deixando seu veneno penetrar em grande quantidade pelas veias de Victor antes de começar a sugar seu sangue até que aquele corpo fosse apenas uma casca seca.