++Charles++
Talvez bêbados realmente tenham sorte afinal, ou talvez tenha sido apenas uma peculiaridade por ser eu e ter acabado de roubar naquela corrida, quem sabe? Melhor. Já estava na próxima decida e ganharia fácil. Se não fosse por um barulho muito alto para meus tímpanos e um cheiro de sangue cortando o ar. Bom, delicioso e, perigosamente tentador, como o de outro puro sangue. Meus olhos ficaram levemente avermelhados quase instantemente, enquanto meus dedos pressionaram o freio bruscamente. Droga. Kuran havia batido.
Constatei imediatamente, virando a moto e retornando ao ponto. Ou melhor, até onde o cheiro de sangue fresco me conduzia, enquanto coçava o capacete. Que merda. Daquela vez realmente havia exagerado, e o menino chegava a ser uma das coisas menos sem graças naquela academia... Não devia ter aceitado a proposta da ruiva encapetada quando sabia que seria dor de cabeça. Lydia e suas ideias... Não confie nelas. Fiz uma anotação mental, girando os olhos e aproximando a moto do japonês e um certo ruivo que desconhecia.
-Na verdade, acho que nem com um milagre a lataria ainda serve... – Respondi assim que me aproximei. O som da explosão da moto fora ouvido a distância. –Mas, em compensação, acho que já pode abrir uma empresa de demolição de veículos, já que, pelo que vejo, está quase inteiro. – Falei em tom de brincadeira, sem o capacete, para amenizar o clima.
Para falar a verdade, com a saída de Loran e a desclassificação do único concorrente bom o bastante para competir comigo, toda aquela corrida tinha perdido a graça e a diversão. E era obvio em minha face que tinha perdido o interesse em ganhar algo assim.
-De qualquer forma, acho melhor sairmos daqui antes que venham nos procurar e...
Mas não consegui terminar a frase. Uma segunda explosão tinha nos interrompido.
– Mas que bosta significa isso...!?
Me ouvi gritar de forma chula, olhando para os lados e farejando o ar. Droga, droga, droga. Estávamos no meio de um atentado e mal sabíamos de onde vinha?
– Merda!
Xinguei com os olhos vermelhos e aura pesada e hostil. Quem quer que tivesse feito aquilo, ia pagar, ah se ia, mas agora... Quando nada víamos...
– Ei, Kuran, pega isso. - Minha mão foi até o porta mala da moto, e de lá joguei um capacete ao outro puro sangue. Como as coisas estavam ali, a única alternativa era fugir por enquanto. – Vou te dar uma carona pra fora daqui. – Acenei para a moto, religando seu motor, então encarando o outro vampiro. – Te aconselho a fazer o mesmo, de onde veio uma explosão, podem vir duas.
Mesmo que acho que estão atrás de um de nós dois... Repeti mentalmente, esperando Loran subir para acelerar a moto em meio a floresta. Se fosse por ali e usasse minhas habilidades, estaríamos mais seguros que na pista aberta. Além disso, aquele era o caminho mais curto para baixo.