>:: Jardim ::<

Erick Benvenoli:


"Delicias" fazendo cara de bobo e babando enquanto imaginava as inúmeras situações eróticas em que aquela palavra poderia ser usada "gostei dessa professora".

Ja estava sendo dispensado sem ter muito o que copiar, apenas anotar o trabalho. Era o primeiro a sair da sala, mas não porque queria ir fazer o trabalho, não, isso eu irei deixar para mais tarde, estava na hora de conhecer o colégio, pois se quisesse ter bons ângulos para algumas fotos, precisaria conhecer o local.

Peguei meu celular e fiquei olhando algumas fotos que havia tirando antes ~ hehe... eu lembro dessa...~ Lembrava das fantasias que tinha. Fiquei andando, olhando para o celular que até havia me esquecido do meu objetivo, até que me encontrei no jardim - eh? não é aquela garota que só tinha um sapato? porque ela está sem nenhum agora? - Já começava a pensar no tipo de pessoa ela era, maluca? talvez, isso era o que eu queria saber.

Vendo que ela estava se mergulhando em pensamentos pessoais, me aproximei dela, e disse - Yoh - fechava os olhos e esboçava um sorriso - Você não tinha que estar na aula? - perguntei sem ao menos dar-lhe tempo para ela me cumprimentar - A propósito... porque você estava sem um dos sapatos naquela hora? - olhava para ela e sua postura, ela parecia estar triste ou confusa, achei que minha companhia poderia alegrar seu dia, ou como já havia pensado anteriormente, piora-lo - Ah, eu me chamo Erick , prazer senhorita...?

~Sakura Tsukino.

Não entendia. Realmente eu recapitulava diversas vezes as palavras de Sanji na cabeça e não entendia ao certo a necessidade de vir para a Cross. Um pedido da Associação, mas eles mesmos disseram que eu não deveria sair em missões, me manter oculta em relação à quem era. Então porque me expor ai? Naquele lugar complicado e com vampiros onde a desgraça pairava não importava por quantas sedes a cross se mudasse. Aquele lugar onde eu o havia encontrado de novo.


Passei a mão pelo perna, massageando levemente então me encostando no tronco da árvore, ainda perdida nos pensamentos. A verdade era que mesmo que eu não soubesse o porque daquilo tudo eu não podia contestar as ordens de Sanji, nem de nenhum dos três.... Eu ia ter que saber lidar, com tudo. Com aquela sensei, com Lohanne, com Will, com Charles... Com tudo. 
Por que as promessas que eu havia feito estavam ruindo com tanta facilidade?

Meu olhar estava perdido nos insetos que pulavam no gramado ali próximo quando ouvi alguém se aproximar em súbito, já me bombardeando de perguntas que quase me fizeram pular do lugar onde estava.

- Nani??? - eu o olhei assustada, deixando que ele falasse tudo enquanto os meus "tico e teco" tentavam se recuperar e acompanhar o que ele dizia.

- Não, não deveria... Não sou obrigada a estar naquela sala - disse, já me tocando de tudo que ele perguntava e definitivamente não queria tocar no assunto "professora vampira vadia".

- E eu ainda estou sem 'um' dos sapatos.. - mostrei o outro na outra mão - perdi porque tentei acertar um idiota com ele... - Muito idiota. Pensei. Quem caio achava que era para ficar inventando fofoca daquele jeito?

Eu nem sabia porque tinha aceitado responder todas aquelas perguntas. Acho que foi o jeito de supetão que ele chegou que não me deu tempo de pensar.

~... Sakura.... - Eu o olhei - hajimemashite... (prazer em conhecê-lo).

Erick Benvenoli:

Como eu pensei, acho que estava a incomodando ao invés de 'alegrar seu dia', fiquei curioso para saber quem era o idiota que ganhou um sapatinho feminino de lembrancinha. A ouvi se apresentar - Sakura-san hm... bonito nome... - Enrolava a conversa, até me arriscar a perguntar - Bem, Sakura-san, poderia me dizer quem era o idiota amante de sapatos voadores? - Sabia que era arriscado perguntar, vendo que ela estava de péssimo humor.

Ela me olhava, e eu a olhava, para quebrar aquela sensação meio estranha, soltei uma leve brincadeira - feche mais as pernas... esta quase aparecendo por completa...- Vendava-me com minha mão e sorria, enquanto movia a cabeça para o lado, fazia aquilo apenas para deixa-la envergonhada, ou pelo menos, parasse com aquela raiva ou tristeza, não dava para saber bem o que ela sentia, ela parecia ser rebelde, fazendo o que queria, na hora que queria, sem dar satisfações - Eu juro ter visto apenas até o joelho...hihi...- dizia, soltando um pequeno riso em seguida - Bem, de qualquer forma, antes que você me mate, gostaria de te pedir um favor - Esperava que ela pelo menos ouvisse - Bem, eu cheguei hoje então não conheço esse labirinto chamado academia Cross, e eu preciso chegar a um lugar, pode ser minha guia? - dizia expressando uma pequena seriedade - Biblioteca - responderia caso perguntasse onde gostaria de ir.

~Sakura Tsukino

Aquele menino era meio estranho. Ele parecia querer puxar assunto ou algo assim, mas será que a minha cara não disse que meu humor não estava bom?
Eu suspirei, tentando mudar minha expressão para um pouco mais amigável. Afinal, no final das contas as pessoas não tinham nada a ver com meu mau-humor...

~Arigatou... é por causa das flores de "sakura" - comentei, tentando amenizar o clima que deixei com minhas respostas diretas. Embora realmente não quisesse conversar.

Mas talvez eu devesse tentar conversar. Conversar e aliviar aqueles pensamentos doidos da cabeça.

~Caio... - eu disse, revirando os olhos só de lembrar dos comentários dele - Acho que ele provou a frase de "quem diz o que quer, ouve o que não quer", mas no caso ele não ouviu, tomou uma sapatada mesmo... - eu dei de ombros, embora o sapato não tenha o atingido fiquei orgulhosa do medo que ele sentiu.
Embora suas brincadeiras depois tivessem me irritado mais.

Falando em brincadeiras que irritam.

- NANI??! - Meus olhos arregalaram e no mesmo instante o sapato que estava na minha mão voou em cheio na cabeça do garoto ao mesmo tempo que eu me encolhia fechando as pernas. - BAKAAAAA!!!! ano... ano.. HENTAI!!!!! - eu gritei, completamente corada e atordoada. o que DIABOS aquele garoto tinha?!!?!?!?!

Não importava o que ele dissesse, não importava o que pedisse, eu estava corada como um tomate e com vontade de MATAR AQUELE Garoto.

- o ÚNICO lugar que eu vou te levar é ao HOSPITAL, seu HENTAI! - Gritei, me levantando com as pernas fechadas e segurando a saia. - NÃO SE OLHA A CALCINHA DE UMA GAROTA! - pra ser sincera, eu não sabia dizer se estava vermelha de vergonha ou raiva. Talvez os dois.

Brincadeira? Sei lá se ele disse que era brincadeira por tomar uma sapatada ou porque era. Se fosse verdade, ele mereceu a sapatada, se fosse mentira, bem... ele também mereceu. Tem coisas com as quais não se brinca.

Isso era visível no meu rosto. Os olhos assustados, as bochechas vermelhas e os lábios gritando de tão vermelhando com a pulsação acelerada do susto que percorria todo o meu corpo e fazia involuntariamente eu ficar em uma posição defensiva, protegendo minha saia como se ele tivesse olhar de raio-x.

Sabia que aquela brincadeira não podia ser respondia com nada a menos que uma sapatada *TOC* batia o sapato na minha cabeça. Coloquei minha mão na testa, massageando para tentar amenizar a dor, enquanto dizia - Me levar pro hospital? ótima ideia. Ai chegamos la e algo do tipo "Oh, como ele conseguiu esse calo?" e você tipo "Ah, eu joguei um sapato na cara dele por me avisar que minha calcinha tava aparecendo", algo do tipo - Estava pondo lenha em uma casa em chamas, mostrando a grande merda que já tava, e eu cagando mais.

Bem, eu queria provoca-la, e pelo menos ela não parecia um monte de carne depressiva moscando no jardim - Toma, aqui - Pegava o sapato do chão e devolvia para ela - Acho que ficar mais vermelha que tu ta vai ser impossível - ajeitava o cabelo - De qualquer forma, se não vai me ajudar, então vou achar a biblioteca sozinho - Colocava as mãos na cabeça, apoiando, enquanto andava para longe dali - Falou mina disparadora de sapatos-.

Eu estava nervosa por tudo ainda. Se ele havia achado que aquilo era uma brincadeira, então ele não tinha o mínimo senso de humor.

- Ache sozinho, pois se ficar fazendo isso com as pessoas vão te mostrar é onde fica o estábulo! - retruquei, ainda sem conseguir controlar o quanto corava.

- Passar bem...

Peguei meu sapato, me afastando antes mesmo dele se retirar. 
Aquele dia estava indo de mal à pior, eu ainda não havia dormindo absolutamente NADA e ainda estava "zumbizando" por aí.
Eu andei pelo jardim novamente, mas não muito. Minha perna ainda doía o que me fez sentar novamente no meio fio, suspirando e passando a mão nos cabelos, cansada. 
A melhor coisa era ir ao dormitório, aproveitar que deveria estar silencioso `quela hora.
Mas............
Como o dia mal estava começando, era claro que eu não ia ter paz agora. Eu senti aquela aura forte se aproximando de mim.
Era inconfundível, mesmo se eu estivesse atordoada eu ainda sentiria aquela aura, uma aura de algo que era mais que um puro-sangue, algo que eu também não sabia o que, mas que remetia à uma familiaridade que por mais que eu associasse à conhecer essa pessoa há quatro anos, parecia ir mais além.

~Charles... ~eu fiquei de pé, segurando o meu único pé de sapato na mão, pisando com as meias pretas que iam até a coxa diretamente no chão. ~ Alunos da Night Class não podem circular pela academia durante o turno diurno... 

Entrei na defensiva. Sabia que ele havia recebido a mensagem, e conhecendo a pessoa para quem eu havia pedido para entregá-la, certamente ela tinha chegado ao alvo 'pior' do que eu tinha mandado.

Ela não quer que vá mais encontrá-la, diz que te odeia e que é para desaparecer da vida dela, Charles-sama. A frase de Oliver ainda ressoava na cabeça de Charles de uma maneira mais incomoda que a maioria das outras coisas enquanto ele observava a menina estranhamente carregar um sapato em mãos, com face incomodada. Seria aquela mesmo a verdade? Se perguntou com uma pulga atrás da orelha. Não, não era... Ele mesmo chegava à conclusão depois daquele beijo na noite anterior. Aquele era mais um dos joguinhos dela. O mesmo que ela usará para fingir sua maldita morte anos atrás. E de certa forma, aquilo lhe irritava, fazendo-lhe morder os lábios um tanto nervoso, enquanto sua atenção jazia distante. O que não durou muito tempo.

E seu olhar veio junto a uma provocação, para o qual ele apenas balançou a cabeça.

-E humanos deveriam usar sapatos por aí se não quisessem contrair doenças do chão sujo, e aí está você, quase descalça... - Retrucou, dando os ombros com uma expressão sarcástica que dizia claramente que não se importava nem um pouco com as regras daquela academia ou com horários. Mesmo que o sol ali lhe causasse mal estar. -Sério, o que aconteceu? Até seu sapato fugiu desde que deu um chega pra lá nele ou essa é alguma nova moda estranha entre vocês? - Colocou a mão no bolso da calça jeans, levantando a sobrancelha em provocação para ela, enquanto se aproximava.

Afinal, se a sorte havia levado os dois ali, ele não estava disposto a deixá-la escapar tão fácil por causa de regras ridículas. Não até que ela desse aquele recado na sua cara.

-A propósito... - Ele parou a cerca de cinco metros dela, ainda em pé. - Eu não costumo receber recados de terceiros, então se tem algo a falar, sugiro que o diga em minha cara.

Eu era um pouco idiota. Na verdade, eu acho que eu era MUITO idiota. O que eu estava esperando? Que falaria aquilo para charles e ele simplesmente se viraria, pediria desculpas e iria para a Night? O charles que eu conheço? Nunca!
Talvez a melhor solução seria ter ignorado e andado, porque eu sabia que agora, eu não conseguiria me desvencilhar dele tão fácil. Por um lado pelo jeito insistente do rapaz, por outro, pela culpa de algo em mim maior que minha força de vontade que nunca queria que eu me afastasse.

- Decidi virar hippie... - disse, sem muita paciência de explicar tudo o que tinha acontecido e, conhecendo charles da forma como eu odiava admitir que conhecia, ele não ia ficar nem um pouco feliz com a história.

Já tinha que lidar com a minha irritação, não queria lidar com a dele também. Até porque essa, seria muito mais difícil.

Eu passei uma das mãos nos cabelos, ainda segurando o sapato com a outra, eu tinha que guardar ele na minha.....na minha.

- Droga!!! Baka!!! - Talvez pela primeira vez Charles ouviu um "baka" que não estava direcionado à ele e sim a mim mesma. Minha bolsa... eu esqueci a minha bolsa na sala.

Voltar lá e pegar? Sem chance. Deveria ir parar na diretoria. Eu já teria que ir lá mesmo graças à anotação da "delicinha".

- Não, Charles... eu PERDI o meu sapato! - disse, bufando - e se as "coisas" que eu desse um "chega pra lá" fugissem a gente não estaria tendo essa conversa.

Isso! Nossa, kami-sama! Acho que eu merecia um prêmio por essa. Premio autocontrole e sagacidade, porque eu sabia que nunca ia conseguir dar uma resposta que nem essa de novo na vida, ainda mais com charles. Me senti até orgulhosa. Embora a verdade é que talvez algumas "coisas" não fugissem porque eu simplesmente não conseguia deixá-las ir.

Eu estava um pouco impaciente com tudo aquilo. Charles tinha o dom de me provocar aquela inquietação que eu não sabia administrar. Algo que mexia comigo e eu sabia que não demoraria muito para ele me afetar daquela forma... daquela forma bem singular, onde eu deixaria completamente de pensar com a razão. Eu tinha que me afastar.

A frase dele me fez lembrar do recado que dei a oliver. Eu tinha vontade de dizer "Ok, você nao recebe recado de terceiros mas eu nunca teria a força de vontade suficiente para dizer isso na sua cara porque você tem a droga de uma magia que me prende e faz eu pensar como uma idiota", mas claro, isso eu não podia admitir.
O difícil agora seria exagerar tão bem quanto oliver. Mas isso era impossível, então parei, suspirando e virando o rosto para ele.

~Charles... watashi... - eu mordi os lábios mas não o olhei nos olhos - Não é bom que nos vejamos ou conversemos. Eu não posso estar perto de você... Não posso.... Então é melhor nos mantermos afastados.... É esse o recado. 

Eu virei o rosto para frente, andando para me afastar. Minha perna ainda doía mas eu não podia parar ali, porque eu sabia que se eu parasse.... se eu olhasse nos olhos dele.... Eu seria a maior pecadora da terra.

++Charles++

Claro que aquela última frase era um blefe. Charles não queria, de maneira nenhuma, ouvir aquilo sair da boca de Sskura. Não que fosse lhe afetar tanto também. Ele nunca fora de seguir conselhos ou obedecer ordens ou vontades que não se restringisse a suas próprias, mas tinha que admitir que aquilo iria lhe doer tanto quanto achar que ela estava morta por cerca de dois anos.

Com os braços cruzados, Charles a observava em inquisição como se seus olhos tentassem enxergar sua alma ou os registros de fraqueza antes tão presentes ali. Ou simplesmente a irritação do politicamente correta tão pé no saco, mas que já se acostumava. Lhe diria? Lhe expulsaria dali? Algo em si lhe fazia pensar que não. Ela não sabia mentir, definitivamente. E, por causa disso e de sua mente criativa, charles quase caiu na gargalhada diante de sua resposta.

-Hippie? Essa coisa voltou à moda? Por que se for, diria que suas roupas estão muito incompatíveis para isso... - E também sua expressão e costumes. Ao que conhecia de hippies, eles costumavam-se basear no naturalismo e no uso de drogas. E, definitivamente, isso não ia com a cara da japonesa certinha, -Além do mais? hippies hoje em dia usam apenas um sapato também em protesto contra o capitalismo?

Sua expressão tornou-se mais maliciosa quando ele apontou dando os ombros e surpreendentemente vendo ela xingar algo que não tinha seu nome expresso. Oh... Ela estava ficando rebelde...Uma piadinha nova tinha vindo a sua mente, mas o loiro nada falou, quase levantando a sobrancelha com sua próxima ousadia.

-Nesse caso, seria uma maneira fácil demais de você se livrar de mim, é aonde arranjaria outra diversão gratuita...? - ou onde conseguiria obter você... Completou mentalmente com um levantar de sobrancelha, a vendo se erguer para se retirar, apenas girando os olhos.

Sério, ela ia fugir de novo? Aquilo já começava a lhe deixar impaciente. Não que ele costumasse ser muito paciente normalmente. Para falar a verdade, Charles sempre foi como uma criança mimada, sempre tendo tudo o que queria, na hora que queria. E, de certa forma, Sakura sempre fora a exceção para aquilo tudo. A exceção que mais desejava há muito tempo e que não podia ter.

Ele mordeu seus lábios, tensionando os punhos, enquanto seu orgulho lhe sussurrava para que a derrubasse ali e a obrigasse a encara-lo. Ou a confessar querer a mesma coisa que ele, mesmo que fosse apenas para inflar seu ego. E talvez fosse realmente fazer isso... Pelo menos até vê-la mancar enquanto andava sem sapatos e ouvir aquela frase.

Raiva por estar sendo ignorado, egoísmo, orgulho ferido e mágoas. Talvez tudo aquilo dominasse a cabeça do loiro no momento, em que a viu daquela forma. Mas acima de tudo havia aquela preocupação e uma fúria ainda maior derivada daquele sentimento que não pretendia admitir. Ela estava ferida. Aquilo era o que mais o irritava. E talvez o motivo de ter quase gritado.

-Não pode ou simplesmente tem medo do que quer?

Ele se viu perguntando de uma forma incisiva para ela, antes de partir ele mesmo em sua direção, lhe abraçando por trás em silêncio e sem dificuldade, fazendo com que ela apoiasse seu peso nele. Naquela proximidade, o cheiro de Sakura era mais inebriante que antes e talvez seus próprios batimentos tivessem exaltados, assim como sua sede.

-Nesse caso, eu não pretendo acreditar em você, baixinha.

Sussurrou baixo, antes de erguê-la, apoiando o corpo dela em seus braços para carregá-la no colo. Se experneava e lhe chutava, Charles não se importava nenhum pouco, não ia permitir que ela continuasse mancando por aí.

~Sakura Tsukino.

Charles. Era difícil ainda dizer tudo o que ele provocava em mim. Da irritação ao divertimento, do ódio ao.... 
Eu não me permitiria admitir nada daquilo. Não vou admitir o que não existe. É, não existe. É isso que tenho que acreditar.
Mas o que não existe é a capacidade dele de nunca cair no meu sacarsmo e ainda tirar uma com a minha cara.
Eu revirei os olhos quando ele fingiu levar a sério o que eu disse sobre ser hippie, mas contra isso, nem argumentei.
Eu ia sair, eu tinha que sair dali porque logo minha vontade ia diminuir, minha capacidade de repelí-lo ia diminuir  eu ia me tornar novamente aquela idiota que cedia a ele.

Parar? Ouvi-lo? Eu não iria olhar para trás, não iria olhar para ele porque ele ia lançar cada vez mais aquelas correntes e mim. 
Medo do que queria.... Era exatamente isso, Charles. Eu tinha... Eu tenho medo do que eu quero, 
porque admitir o que eu realmente quero, o que eu sempre quis, vai me fazer tornar algo que não quero, ser quem não devo.
Eu tenho medo sim charles, medo porque quero você e talvez isso fosse o que não me fez parar e sim apertar o passo, para fugir daquelas palavras, fugir daquela resposta.
Ele sabia, ele já sabia e eu tinha certeza.
Desde sempre e principalmente desde ontem à noite ele sabia.
Eu se quer posso definir o que percorreu meu corpo quando estávamos juntos, era aquilo que eu queria.
Mas aquela cicatrizes no meu corpo me diziam que eu não podia querer. As coisas que passei e o motivo justamente pelo qual minha perna doía mesmo após tanto tempo, me fazendo quase falhar quando tentei ir mais rápido para longe dele... Essas coisas estavam ali para me lembrar.

Mas outras coisas também me faziam lembrar o porque de eu querer esquecer do medo...Como aquele abraço. O abraço que ele me deu sem que eu esperasse, me pegando desprevenida, destruindo a resistencia que eu ainda pregava contra ele.

~Charles, não se trata de acreditar, você não pod.... ~antes que eu tivesse a oportunidade de terminar eu me senti erguida por ele.
Droga. Droga. Droga.

O meu rosto corou de imediato e o susto me fez segurar em seu pescoço. 
Ele era um babaca, o maior babaca de todo o mundo porque, ele sabia, ia me fazer perder aquela guerra.

- Me ponha no chão, CHARLES! - eu gritei para ele, me mexendo e depois lhe olhei assustada nos olhos. - Alguém pode nos ver, onegai.... me ponha no chão!

Por ser charles e por o confundirem com Will. Qualquer interpretação ali não seria boa. E seria pior ainda se alguém que não deveria os visse.
Mas porque ele mexia tanto comigo? porque eu não me debatia tão forte quato deveria? Eu tinha que me livrar dele, tinha que ir embra e não olhá-lo " por tudo que ele fez e faz", como disse Sanji. Eu deveria honrar quem eu era... 

~ Você não entendeu nada do que eu disse?!?! - perguntei com a voz trêmula, nervosa pela confusão que ele me causava ~ Não importa se não posso ou tenho medo, talvez sejam os dois! Mas eu tenho que me afastar, você tem que se afastar, é difícil entender isso?!

Eu estava prestes a dar um soco nele, ou em mim. Nele para que me largasse e em mim por saber que minhas palavras não saíam da forma que deveriam. Minhas palavras saíam como se eu quisesse me eximir da culpa de não poder admitir, querer, estar com quem eu não poderia.

++Charles++

Sakura não pesava mais que uma pena para ele quando a levantou. Mas, para falar a verdade, carregá-la era um fato muito mais importante do que qualquer coisa que podia ter em suas mãos. Seu cheiro, seu calor, sua pele. Se pudesse a puxaria para mais próximo. Mas, mesmo que seu rosto estivesse vermelho como um morango, ele não podia fazê-lo. Não sem ela lhe chutar ou espernear como um animal selvagem acuado.

-Posso e quero...

Essa foi sua resposta em tom incisivo, enquanto a encarava nos olhos teimosamente, apenas a ajeitando no colo enquanto ela experneava. Que gritasse o quanto quisesse, ele não iria soltá-la. Na vedada, sua teimosia já se cansaram de ser bonzinho e ceder a menina.

-E se verem? Qual o problema? É melhor que te verem mancando por aí...

O loiro deu os ombros. Claramente não se importava se vissem ou pensassem em algo. E dai? Ele realmente não iria deixá-la voltar ao dormitorio da turma diurna sozinha. Além do mais, seu egoísmo insistia que não se afastasse dela, mesmo com as tentativas dela de... De falar daquele tanto de idiotisse de uma vez...

-Não. Eu não entendo, baixinha... E nem pretendo entender!  - Talvez fosse o certo para ele também se afastar, afinal, um puro sangue com uma humana não era lá o tipo de relação mais encorajada pelos outros vampiros ou por seus instintos. Mas quem ligava para isso um dia? Além do mais... - Eu não consigo... Eu...- Ele começou a falar, então travando. Seus olhos tinham uma coloração de puro violeta agora e talvez sua expressão fosse um tanto estranha, quase... Era quase como se quisesse falar algo importante, mas logo ele se calou fechando a cara.

E então o silêncio caiu sobre eles. E, com ela no colo, seus passos caminhavam em silêncio em direção ao dormitorio da turma diurna que, por sorte, estava vazio naquele horário. Tão vazio que, sem ninguém perceber, ele conseguira passar pelos corredores e pela ala feminina sem cruzar com nenhuma alma que lhe chamasse de Will, entrando no quarto de Sakura com a menina e  a jogando na cama, antes de trancar a porta.

Seus braços estavam um pouco roxos devido aos chutes da menina, mas não doíam. Nunca doeriam com aquilo, apesar de romper o seu orgulho.

-Agora que estamos sozinhos, baixinha, diga-me o que aconteceu com sua perna? - Ele se viu perguntando, com os braços cruzados e expressão mais dura. Talvez para disfarçar o que quase falará mais cedo.