Suíte Master 602

Convite:

Conteúdo dentro do convite:

A cada passo que dava em direção ao quarto o vampiro ruivo praguejava com a dor, misturando resmungos em japonês e espanhol. Pegou a chave e abriu a porta para entrarem. Assim que estavam dentro do quarto ele pode olhar melhor aquela mulher. Quem era ela e porque estava o ajudando. Onde estava Jourdan? Seria aquela vampira a mestre da nobre? Sentia vagamente que era uma puro e aquilo o deixava nervoso. Nenhum puro ajudava outro sem querer algo em troca. E Lewis não estava em condições de se defender sozinho. Estava receoso sobre o que a mulher queria com ele.

~ Quem é você? - perguntou a ela enquanto se deixava sentar na cama com gemidos de dor.

< Lewis >

Mesmo que o vampiro estivesse debilitado, ainda sim sua língua continuava afiada conforme ele respondia de forma malcriada as ameaças da vampira, não importava que não a conhecesse, não gostava de insultos de conhecidos e menos ainda de estranhos como ela. Era um filhote desaforado. 


Observou enquanto ela despia o sobretudo e a camisa parcialmente. Olhava cauteloso a mulher que se aproximou com raiva. Ela estava certa, mesmo que quisesse Lewis não teria forças para atacá-la, se fosse uma armadilha estaria indefeso. Pouco sangue, uma ferida ainda aberta e um início de hipotermia devido ao inverno, era mesmo muito azar para uma noite só. Pelo menos havia um resquício de sorte que o impedira de encontrar Lohanne ou Leon diretamente.


Surpreendeu-se e ficou tenso quando a desconhecida se sentoy em seu colo e já cobrou aquele favor. O que poderia fazer? Se negasse ela poderia matá-lo ou fazer fowlon nele ali e ninguém saberia. E como ela estava o ajudando, devia isso a ela, era algo como orgulho e honra de puro que Vincent tanto insistira que ele devesse ter. Colaboraria, talvez aquilo pudesse render uma aliada na cidade e um aliado puro era sempre valoroso. 


Seus olhos ficaram vermelhos e suas pupilas como as de um felino quando ele se aproximou dela e lambeu seu pescoço. Fincou as presas em sua carne e deu um suspiro de prazer ao sentir o sangue quente vertendo. Abraçou-a, segurando na camisa dela enquanto sugava avidamente. Aquele sangue... aquele sangue era mais concentrado que o normal. Um anciã. Ela era uma anciã. Não sabia se aquilo era muita sorte ou muito azar.


O ruivo teve que se controlar para parar de beber e cicatrizou a mordida antes de se afastar de leve. Olhou para baixo e tocou a ferida com uma leve careta. Logo o sangue que manchava suas roupas fora reabsolvido de volta ao ferimento que por fim se fechara deixando uma marca na pele alva. Lewis fez uma careta, esperava que a cicatriz sumisse logo. Então olhou a vampira ainda em seu colo, dessa vez com um olhar lúcido.


- Obrigado - agradeceu cauteloso e desconfiado - Suponho que agora eu tenha uma... dívida com você... anciã - soltou-a - Quem é você? - insistiu.

< Lewis >

Lewis observou enquanto ela ajeitava a roupa e saía de cima dele. Não se importou com a folga dela de se jogar confortável na poltrona. Ainda estava curioso e intrigado sobre quem ela era, principalmente agora que tinha uma dívida com aquela anciã. Quando el o chamou de hermoso, olhou-a mais atento e seus olhos se arregalaram em surpresa ao ver Jourdan diante de si, mas com aquela energia forte de puro, a energia real.


- Mas olha só... - o olhar dele agora era mais de curiosidade do que receio - Eu sabia, sentia que havia algo em você que eu não conseguia identificar... É mesmo uma diabinha - falou, incrivelmente a tratando da mesma forma de antes. Ou não a temia tratá-la sem o devido respeito, ou ignorava aquele tipo de formalidade. Também havia a opção de ser burro ou não ter noção de perigo.


Ajeitou-se sentando de frente para ela para a olhar melhor, inclinando a cabeça de leve para o lado.


- Suponho que não se chame Jourdan. Vai me dar a "honra" de saber seu nome real? Ou vai continuar a brincar com o filhote aqui? - perguntou com certa diversão. Realmente não parecia temê-la.

< Lewis >

Lewis deu seu sorriso torto quando foi chamado de atrevido, estava um tanto aliviado que ela mantivesse o humor da sua "outra identidade". 


- Não fique tímida, você também é bem gata assim - falou sorrindo malicioso e sacana.


Ficou quieto enquanto a ouvia se apresentar. Mantytar von Wright. O nome era familiar. Devia ser das aulas chatas e básicas que os pais vampiros tentaram lhe dar. Ela devia ser de um dos clãs, como os Murdock. Ergueu uma sobrancelha ao ouví-la falar sobre os parentes mortos. 


- Ah, fico muito lisongeado com seus elogios sobre mim - falou sarcástico e meio irritado de ter sido chamado de estúpido - Se não se importa não deveria insultar alguém de quem você quer esse "favorzinho leve" que me pediu.


Ficou pensativo, olhando-a. Não ponderava se deveria ajudá-la e sim como poderia fazer aquilo. Fazia apenas 5 anos que Lewis voltara a ser vampiro, ele não conhecia tanto assim de seus poderes, mesmo que suas memórias de vidas passadas viessem vez ou outra.


- Eu vou te ajudar - anunciou devagar - Não vou te ensinar nada sobre as habilidades de minha família, não confio em você - falou direto - E eu também não faço ideia de como posso fazer um corpo, nunca fiz algo tão complexo antes... - a olhou e ficou sério - Mas eu conheço alguém que pode saber e pode me ensinar... 


Analisou-a por um tempo, ainda sério e pensando na dor de cabeça que aquilo daria a ele, além do trabalho envolvido.


- Você me ajudou. Tenho certeza também que se não me matou, não vai me matar porque precisa de mim. Porém... ter uma aliança com uma puro anciã é algo bem interessante. Como os humanos dizem: uma mão lava a outra. Acho que podemos nos ajudar mais do apenas isso, o que me diz, Minna? - propôs suavemente.


O ruivo parecia mais adulto ao negociar daquela forma, com um brilho perigoso no olhar. Nem parecia ser aquela criança tão arrogante e inconsequente. Porém, logo seu semblante voltou ao normal, junto ao sorriso torto.


- Mas estou chateado com você - comentou com um brilho malicioso no olhar - Saber que quem eu beijei era uma ilusão é bem decepcionante.

< Lewis >

O jovem puro sorriu, mantendo aquela pose confiante. Não que acreditasse poder enfrentar uma anciã e sair vivo, o que ele duvidava conseguir no estado que estava, mas se mostrar sem medo era essencial contra um possível inimigo. Dava segurança para atacar com força total se preciso e impedia que seu inimigo usasse seu medo e insegurança para atingi-lo. Saber que suas habilidades eram preciosas também ajudava a manter a pose.


- O que eu quero...? Uma parceria - ronronou - Você mesma me disse que havia encontrado parentes mortos no festival e que estava usando aquele disfarce para que eles não a descobrissem. Uma vampira... do seu porte... - preferiu não chamá-la de anciã já que havia reclamado - ... não se importaria com isso a menos que os tais parentes fossem vampiros de sangue puro como nós. Eu também tenho meus problemas com outros vampiros, então o negócio é o seguinte: eu te ajudo com seus inimigos, você me ajuda com os meus e ambos teremos proteção e aliados garantidos. Posso ser apenas um fedelho pra você, mas sou outro puro, não pode negar que sou um bom aliado. Principalmente sendo o neto direto do atual líder de meu clã - se gabou de seu posto ao mesmo tempo que avisava a ela para pensar bem antes de tentar traí-lo - Quanto ao que pode me oferecer eu aceito descobrir com o tempo. Afinal, eu também não vou revelar minhas cartas antes do flush.


De repente se levantou e andou até ela. Apoiou as mãos nos braços da poltrona e se inclinou até seus lábios quase tocarem os dela.


- E quanto ao beijo... Eu não irei pedir em troca de um favor. Como você mesma disse, também precisa de diversão. Não acha mais prazeroso se divertir "pessoalmente"? - e sorriu de lado.

< Lewis >

Sorriu quando fora puxado e correspondeu aos beijos dela com a mesma intensidade que foram os beijos em sua bela ilusão. Quando a sede bateu para ambos, ele se afastou e deixou-a ali enquanto usava o "serviço Vip" do hotel e pedia sangue para satisfazer aos dois. Esperou que trouxessem o pedido e os serviu.


- Sinta-se à vontade, hermosa. Eu preciso de um banho e trocar isso - enfiou o dedo no rasgado que ficara nas roupas - Não demoro.


Sorriu malicioso e se retirou para o banheiro, deixando a porta encostada atrás de si. Voltou pouco depois enxugando os cabelos com a toalha, vestindo roupas mais confortáveis, camiseta e short. Era possível ver desenhos de espinhos que saíam de suas costas em direção à parte de trás dos ombros e a nuca.


- Precisa de algo? Pode ficar por aqui se quiser. Deve estar cansada pelo gasto de energia - sorriu malicioso - O convite para esquentar a minha cama ainda está de pé, é claro.

O vampiro sorriu torto enquanto terminava de secar o cabelo e estendeu a toalha para secar nas costas de uma cadeira próxima.

- E por que não estaria à vontade? Estou no meu quarto, não estou? - falou sínico e continuou no mesmo tom - Na verdade isso era um convite disfarçado de permissão para você ficar. Sabe como é, o orgulho - sorriu debochado.

Aproximou-se devagar, com um sorriso malicioso nos lábios, e começou a subir até a camisa e tirá-la, jogando aos pés da cama. Era muito bonito em seus 1,90m e o porte atlético de jovem, talvez um tanto magro ainda pelo crescimento rápido que tivera nos últimos anos da adolescência.

Sentou-se na cama e virou devagar de costas para ele, revelando o dragão negro e vermelho pousado sobre um emaranhado de espinhos, a tatuagem que cobria as costas inteiras, do ombro à cintura, e se mantinha vívida como no dia em que fora feita graças à tinta "especial" que a tornava resistente à regeneração vampírica.

O vampiro se arrepiou ao sentir os beijos dela contornarem o desenho em suas costas e suspirou pelos lábios entreabertos quando ela parou em seu pescoço e fez menção de mordê-lo. Sorriu mordendo o lábio inferior ao sentir as unhas dela. Fechou os olhos e ofegou quando ela o tocou sob o tecido, não foi preciso muito para que seus toques fizessem o corpo dele reagir. 

Relaxar? Se fosse para relaxar daquele jeito ele o faria com prazer. Apoiou as mãos na cama e encostou-se mais a ela, inspirando fundo para sentir seu perfume. Expôs ainda mais o pescoço a ela, como se desse permissão, ou mesmo pedisse, para que ela o mordesse.

Há quanto tempo não recebia uma mordida prazerosa? Não era o mesmo ser mordido por sua mulher grávida que só faltava arrancar sua cabeça junto. Não... Não era aquela mordida dada em meio à carícias e estímulos. Não era a mesma mordida dada no ápice do prazer que ele tanto gostava. Não era a mesma mordida que ele compartilhava com... Respirou fundo e afastou aquilo da mente. Curtir o momento, era o que continuaria a fazer, relembrar o passado só o irritaria. 

Ergueu a mão e acariciou os cabelos dela, enquanto a outra mão procurava pela coxa dela atrás dele. Estava disposto a apreciar a noite com aquela diversão.

O vampiro suspirou e gemeu ao receber a mordida. O prazer das prezas o inebriava junto à suas carícias e ele acabou por relaxar e baixar a guarda para que a outra pudesse sondá-lo...

- O que pensa que está fazendo? - Lewis perguntou ao sentir algo errado e sua mente alerta bloqueou o progresso da outra vampira. Ele tirou a mão dela de si e se afastou olhando-a alarmado - O que tentou fazer? - perguntou ao colocar uma mão sobre a testa, ligeiramente tonto com a sonda que ela havia feito nele, apesar de não compreender o que havia acontecido. Só havia sentido uma sensação estranha de repente. Teria sido algo na mordida dela?

< Lewis >

O vampiro a olhava bravo e ainda um pouco confuso. Ele poderia relevar o que ela havia feito, vasculhar sua mente, não deveria esperar menos daquela anciã. Ser traiçoeiro era um aspecto natural de sua raça. Até mesmo a resposta dela era plausível e condizia com seu sorriso zombeteiro.

Foi quando ela mudou de aparência.

Se fossem apenas os cabelos vermelhos, Lewis conseguiria fingir que não se importava com a ousadia dela. Mas aquele rosto... o rosto de Lohanne era demais. Aquilo era a gota d'água em seu autocontrole. Inicialmente ele a olhou pasmo, depois um brilho de dor passou pelos seus olhos, mas que logo foi substituído pelo brilho fervoroso de ódio.

Seus olhos ficaram vermelhos e ele mostrou as presas enquanto rosnava alto para ela, furioso, e suas garras cresciam assumindo uma coloração vermelha tão escura que beirava ao negro, semelhante a um sangue mais escuro.

- Não brinque assim comigo! - ele urrou - Não ouse assumir essa face desprezível!!! - falou visivelmente nervoso com aquela imagem, provavelmente sua ira não respeitaria o posto de anciã da outra, mesmo que custasse sua vida, era uma questão séria de orgulho ferido.

< Lewis >

Lewis olhava a outra mulher, rosnando ameaçador com as garras à mostra. Mesmo quando aquela aparência se desfez seu olhar continuava expressando ódio. Com certeza aquilo era um assunto muito mal resolvido e grave para ele. Ofegava bufando e foi se acalmando aos poucos após ela pedir calma, mas ainda olhava um tanto irritado pela brincadeira de mal gosto. Logo seus olhos mudaram para o lilás e as garras voltaram ao normal. 

Respirou fundo e continuou a olhando quase assassino. Porém, pareceu ponderar as palavras dela. A vampira estava certa. Ninguém se interessou em ouvi-lo, e aqueles que o ouviram não acreditaram nele. A raiva dele podia não ser normal, mas tinha justificativa. Bufou diante da proposta dela.

- Eu não quero esquecer. Não fujo da droga dos meus problemas com essa covardia - falou com raiva e negou com a cabeça - Eu quero lembrar... Quero que o que me fizeram esteja bem nítido em minha mente quando eu conseguir a minha vingança... E quero que ela saiba o porque ao me olhar enquanto eu for matá-la - terminou em um tom sombrio e vingativo.

Então passou por ela na cama e foi até a janela, olhando para a rua lá fora, vendo a neve cair suavemente e bater contra o vidro. Ficou por um longo tempo em silêncio e parecia que não iria falar nada mais, até que começou em um tom baixo.

- Eu fui traído... - a olhou. Incrivelmente aceitara falar com ela ao invés de ignorá-la ou expulsá-la. Talvez aquela criança realmente precisasse de alguém para desabafar o que estava entalado dentro de si - Fui acusado de um crime que não cometi... - uma sombra anuviou seus olhos - Uma chacina... Fui incriminado, atraíram-me para o local do crime... Ela me encontrou lá... Como explicar que você não é culpado de algo assim quando sua ficha já não é nada limpa? - suspirou e voltou a fitar a janela, com o olhar vazio - Tentei me explicar, tentei dizer que daquela vez a culpa não era minha... Mas eles não acreditaram em mim... Todas as provas apontavam para mim, mas... Não acreditaram em minha palavra... Então eu fui embora - suspirou e a olhou com um olhar ressentido - Satisfiz sua curiosidade?  

< Lewis >

Lewis agradeceu internamente o distanciamento emocional da outra vampira. Ser julgado era a última coisa que ele gostaria naquele momento. Parecia até que estavam falando de algum assunto comum e sem importância. Aquela leveza e poder desabafar foram reconfortantes, mesmo que ele não fosse admitir. Seu olhar suavisou, ainda que não acreditasse em uma empatia sincera vinda da outra.

- Não. Não quero que eles sejam manipulados - continuou, sem dizer quem era a outra pessoa que compunha o "eles" além de Lohanne -  Não teria o mesmo... sabor. E não iria mudar o que eu sofri.

Seu olhar voltou a se tornar bravo quando Minna afirmou que ele não poderia matar Lohanne. Porém, ela o impediu antes que ele dissesse outro discurso agressivo. Ele já havia feito aquela pergunta para si mesmo. E conhecia a resposta bem até demais.

- Sim... Eu sou capaz de matá-la - falou com uma súbita calma. Parecia que escondia muita coisa atrás daquele olhar. Seu tom de voz havia mudado, estava sombrio e mais maduro... Não parecia que era aquela criança falando e sim... alguém mais antigo - O destino dela pertence a mim - falou misterioso e o tom mudou para uma calma assassina, um brilho cruel tomou seu olhar, parecia uma terceira personalidade ou algum caso de bipolaridade - Ela é minha transformada, é meu dever eliminar aquela praga antes que me dê mais problemas. Eu terei o gosto de arrancar seu coração diante de sua linda face temerosa e agonizante - e sorriu mostrando as presas.

Depois tornou a se virar para a janela. Havia mais segredos nele do que a anciã poderia imaginar.