Eu não esperava aquela reação de Saginomiya. Na verdade, sinceramente esperava que aquela minha atitude encerrasse nossos assuntos e não que o garoto simplesmente se demonstrasse mais gentil comigo. Acho que eu não tenho talento para afastar as pessoas.
– Saginomiya-kun, arigatou, demo... Não precisa se preocupar comigo, na verdade eu não quero isso... Sei que se lembra de como eu era há dois anos atrás, mas eu sou diferente agora... – Eu olhei séria – Não quero proteção, não preciso de proteção. Sou mais forte do que você pode conseguir imaginar... – eu tb parei à porta do quarto, só olhando o interior e depois me voltando o rapaz.
Ninguém estava ali por mim. Ninguém estava ali por ninguém. Aquela escola era uma ideia insana e praticamente um abatedouro de humanos. Estávamos ali pelo capricho egocêntrico de alguém de manter a Cross aberta.
Eu tentei não pegar o cartão, mas ele não me deu escolhas e sinceramente, não sei nem descrever a cara que fiz quando vi aquela caricatura. E, não aguentei, eu ri.
- Saginomiya Hauro-kun... Guarda-costas particular? – eu ainda me divertia com aquilo. Na verdade, uma ironia. Precisar de um Guarda-costas em uma escola que o objetivo era a paz.
Mal percebi quando ele lascou o kit de primeiros socorros em minha mão. Ele estava mesmo me entulhando daquelas coisas? Fiquei olhando a maleta branca imaginando o porquê daquela gentileza toda. Eu não acreditava mais que as pessoas podiam ser gentis a troco de nada. Não me culpem por isso.
Senti o beijo na testa que Hauro me deu. Mesmo que de início eu tivesse percebido a intenção de carinho, logo depois eu fui tomada por uma sensação de invasão do espaço pessoal, me fazendo corar com um pouco de desconforto. Fazia muito tempo que eu não recebia um gesto de carinho. Anos. Eu não sabia mais lidar com esse tipo de coisa.
Mas as palavras de Hauro que faziam menos sentido ainda. Me ajudariam e não era para eu me expor ao perigo? Eles nem sabiam quem eu era, que perigo podia carregar. Aquilo tudo não fazia mais sentido.
– Saginomiya-kun, arigatou, demo... Não me expus a perigo algum. Eu só me arranhei acidentalmente ajudando um aluno que passava mal... Não há perigos por aqui ao qual me expor, certo? Agradeço a ajuda... demo.... Estou muito cansada e tenho que deitar um pouco... – ela acenou, parando dentro do quarto – – Depois lhe devolvo o quite.. Ja ne.