Castelo Nortun

 

A medida que se aproximava da sede do Tomo dos Anciões, Wo li sentia a mudança de energia do lugar, era nítido que ali não seria somente um local onde os anciões se reuniriam, aquele local se tornaria o pilar de todos os vampiros. Observava atento tudo e todos assim que estacionou o carro no estacionamento, após saltar e trancá-lo caminha calmamente entre alguns servos que cuidavam do jardim e arredores.

Foi que por fim, logo que subiu as escadarias sentiu uma energia forte lhe chamar atenção para o grande lago em volta do palácio dos Tomos, seus olhos giraram na órbita fixando-se em um vampiro que estava agachado fazendo círculos no chão.


“Os sailens começaram os rituais, Loran sama deve está se preparando...”

Apressou-se e entrou atravessando a enorme porta entre pilastras deparando com o holl de entrada e salão da recepção, olhou a jovem vampira que sentada em sua mesa fazia anotações digitando rapidamente em um teclado a sua frente, a bela vampira levantou o olhar e o reconheceu, parou o que fazia e se levantou.

- Wo li san, Loran sama lhe aguarda no salão principal. - esperou ele passar cumprimentando cordialmente com um leve curvar de cabeça, voltou ao seus afazeres depois de vê-lo sumir pelo corredor que levava aos elevadores do segundo andar.

- Haziel san gostaria que quando terminássemos todos os rituais acompanhar-me até minha residência. - Loran andava pelo salão principal sendo seguido por um vampiro esguio e de cabelos longos brancos envolto em vestes negras que tinha um leve sorriso sarcástico a face. 


- Claro... - ele parou e observou outros 3 vampiros que em círculos meditavam e manipulavam elementos diversos em outro ritual. - Logo meus irmãos terminaram os rituais e a sede dos Tomos estará preparada para receber todos os anciões.

Wo li entra e se curva diante de Loran que faz um gesto para Haziel esperar.

- Wo li san, bem vindo. - Parou e olhou-o sério um tempo. - Dessa vez vou fingir que não soube do incidente no avião.

- Arigato Loran sama, perdoe-me, mas tentei ser o mais discreto possível dessa vez. - sorriu no canto dos lábios já denunciando que não fora a primeira vez . - Ao menos a desculpa de despressurização da cabine do avião provocou o desmaio coletivo, deu certo trabalho, mas a imprensa ao menos aceitou o laudo e acreditou antes de alarmar meio mundo.

Loran olhou Haziel e virou os olhos.

- Ok... - voltou para os vampiros e se aproximou de uma vampira que estava agachada e fazia símbolos no chão com sangue. - Merdeite san, assim que completar o ritual passaremos para o próximo passo.


A mulher vampira terminou os traços com o sangue e sentou juntando as mãos e falou algumas palavras em uma língua estranha, assim o sangue começou a correr se espalhando formando círculos em todo salão, ficando visível por alguns minutos e depois evaporando de tal forma que não parecia ter sido manchado o chão com aquele ritual.

Ela se levantou e curvou-se para Loran, voltou a sua postura ereta e olhou-o um tempo.

- Acredita está preparado Loran sama?

Haziel pareceu um tanto inquieto e Wo li resolveu cruzar os braços e se encostar numa pilastra somente a observar tudo atentamente.

- Os Kristans não me deram escolha, terei que fazer isso com ou sem o consentimento deles, afinal se não fizer não durarei muito tempo nesse mundo. - Olhou os outros dois vampiros se aproximarem, após terem terminado os rituais nas outras salas do palácio.

- Gerard, Freynan e Meredite irão lhe acompanhar no ritual. - Haziel informou. - Nosso ancião logo virá para formalizar nosso apoio, os Sailens tem enorme interesse que tudo seja preservado.



- Será... Estou erguendo esse lugar juntamente para isso. - Loran confirmou o acordo com aqueles vampiros feiticeiros.


Os Sailens eram manipuladores de rituais e magias milenares tendo seu ancião Maxmilion o mais antigo sailen vivo no mundo como grande propagador de seus poderes e ensinamentos.

- A sede está pronta para finalmente ser inaugurada e claro ter sua primeira grande reunião. - Gerard falou um tanto entusiasmado.

- Será um evento que marcará na história dos vampiros, mudanças são sempre bem vindas, devemos celebrar tal feito. - Freynan já insinuava sair para comemorar o sucesso dos rituais.

-Ah os dois sempre querendo farrear... - Bufou Meredite. - Perdoe-nos Loran sama, eles gostam de uma farra, porém concordo que esse seria um momento histórico para nossa raça. - Sorriu graciosa.

- Não... Por enquanto, não vejo motivos para comemorações, ainda não iniciei com os anciões dos 5 grandes tomos as conversas para essa nova forma de governar, não sei ao certo se conseguirei por todos no mesmo teto sem que se matem. - Loran ajeitou o paleto e desabotou tirando para se sentir mais a vontade. - Como colocar clãs que tem richas antigas e milenares debaixo do mesmo teto e que claro consingam pensar na raça e não em seus desejos próprios?

- Utopia – Haziel respondeu brincando um uma pequena esfera azulada de metal entre os dedos.

- Sim... Mas há algo que fará aceitar... - Loran pegou o seu palito e jogou no ombro. - Estou pronto, vamos ao subsolo começar logo com esse ritual final. - Caminhou para a porta de saída vendo alguns empregados carregando poltrona enormes para colocar no círculo dos anciões.

O centro daquele salão tinha cinco pontos marcados com o brasão marcando o lugar de cada cadeira que completavam aquele circulo, ali seria o local onde sentariam os anciões de cada clã para aquela grande reunião.

Outros empregados traziam algumas cadeiras e colocavam em volta do salão, possivelmente seria para os convidados e servos de cada clã se acomodarem e acompanhar seus senhores aquele conclave que logo se iniciaria.

Reunido com o grupo dos vampiros magos, Loran analisava as fases do ritual que iriam fazer, estava um tanto agitado afinal iria finalmente se livrar daquele lacre posto pelos pais adotivos para “doma-lo”.

- Só precisamos de um vampiro que controla mente para mantes a sua estável e assim tirarmos o lacre. - Haziel concluiu as observações.

- Perfeito... Já pedi um para vir... - olhou para um servo que se aproximou comunicando a chegada do tal vampiro. - Ele chegou – Falou a todos. - Por favor traga-o até aqui.

O servo se curvou e retirou-se daquele amplo salão indo buscar o vampiro convocado por ele.

O servo chegou no hall de entrada e aproximou do vampiro.
-Seja bem vindo sr Ivanshikov, Loran sama lhe aguarda queira me acompanhar por favor... - curva-se e volta a sua posição normal, andando a frente para mostrar a direção que o jovem vampiro deveria ir encontrar com o monarca.
Passaram por um enorme corredor, aquelas instalações eram grandiosas e muito bem equipadas, tinha estilo antigo medieval, no entanto podia ver equipamentos modernos de segurança e tecnologia.

Chegaram diante de uma enorme porta e o servo abriu-a e Adrian pode ver aquele enorme salão fechado onde o puro estava no centro junto com um grupo de vampiros, todos olharam para o jovem vampiro e Loran fez um gesto para ele se aproximar.

- Bem vindo Adrian-san, espero que não tenha esperado muito.- andou até uma pedra mármore sobre duas pequenas colunas onde se apoiava era comprida lembrava uma mesa. - Eu vou ser direto ao assunto, chamei-o aqui, por precisar de seus dons, preciso que ajude com o que acontecerá nesse salão.

O grupo de vampiros magos ficaram envolta daquela mesa de mármore e Loran sentou nela.

- Consegue fazer projeção? Usar seus poderes para sentir a mente de outro? - ele falava aquilo enquanto desabotoava os botões da blusa de manga comprida e depois enrolava a manga até altura do cotovelo.

- Loran-Sama...- ele se curvou num cumprimento respeitoso.- Não se preocupe com isso. Na verdade, acabei de chegar. Mas o que deseja de mim? Algo referente aquele nosso assunto?- disse, olhando desconfiado em volta para aquele grupo estranho. Magos...Ele pensava sentindo a aura incomum deles.

A sala parecia estar sendo preparada para algum tipo de ritual...Não estava gostando disso. O que queriam dele?

-Meus dons? Claro, seria uma honra ajudá-lo de novo... O que precisa, Loran-Sama?- olhou, atento em volta. 

- Sabe que sim, mas...Loran- Sama, o que está pretendendo?- perguntou, já desconfiado de suas intenções pelo que lia em sua aura.- Bem, posso projetar sonhos detalhados,ou seja, manipular mentes para interagir em ambiente onírico. Essa é minha especialidade, na verdade. É um tipo de projeção e tem o que fiz com Kyo-Sama...No entanto, como esse é um poder extremamente raro em meu país, tive que ser uma espécie de autodidata, se é que me entende...- explicou, começando a se preocupar.

+ Loran +

Parou que ele fazia e olhou o jovem vampiro e depois o grupo que se olharam entre si sorriram baixo e continuaram a preparar aquele ritual.

- Sr Ivashikov isso é ótimo, precisava que confirmasse aos meus amigos que duvidaram de suas capacidades. - Preciso que mantenha a minha mente nesse estado que consegue aplicar com seus poderes, enquanto meu corpo passa pelo processo de libertação do lacre. - Olhou sério para o rapaz. 

-Claro que não estou impondo nada, pode ser que não consiga realizar tal feito, porém se conseguir serei bem grato. - esperou a reação dele.

Adrian arregalou os olhos tomando consciência do tamanho de sua responsabilidade. Olhou sério também para Loran,  e para os outros, ficando pensativo uns instantes. Por fim, suspirou, e decidiu:

-Muito bem, Loran-Sama...Fico honrado por sua confiança em minha pessoa e habilidades. Prometo que me esforçarei ao máximo para conseguir o que precisa, mantendo-o em segurança, é claro.

Ele inspirou profundamente já começando a se concentrar. O Adrian brincalhão e inconsequente dando lugar ao seu lado sério.

-Podemos começar quando quiser, Loran-Sama. Preciso apenas me acomodar para entrar em estado de sono e o senhor também deve se deitar e relaxar o máximo que puder. Lhe proporcionarei um agradável sonho enquanto é feito o que for necessário.

- Perfeito... - olhou os demais e depois Haziel - Podemos começar assim que eu adormecer.
Todos concordaram e Loran deitou naquela cama fria de mármore. 

Fechou os olhos e inspirou e expirou relaxando o corpo e se concentrando para criar aquele elo com o vampiro e assim manter sua mente intacta enquanto era liberto do seu lacre.

O grupo de Sailens começaram a entoar um cântico em uma língua antiga para iniciar o ritual. Haziel parou ao lado da mesa de mármore e entoava o mesmo cântico segurando alto um cálice.

Loran sentiu as pálpebras pesarem e lembrou daquela a quem ele mais amava, Rose, sentia muito por isso, por ela e para a segurança dela e de seu filho que acabará de descobrir que estava a caminho estava fazendo aquilo, libertar algo que nem ele ao certo sabia o que era, porém sentia e o sufocava. Adormeceu e embarcou em um sonho onde via toda sua existência como um filme passar num telão.
O ambiente começou a pesar e entorno daqueles vampiros que entoavam fervorosamente aquelas palavras indecifrável, Loran sentia ser sugado para dentro de si. Adrian via o mesmo que ele em sua mente e sentiu sendo levado juntamente com a mente do puro. A medida que caminhavam naquelas lembranças uma força muito maior começava a surgir, ganhar força e presença. 

Loran não olhava o seu guia, Adrian tinha a responsabilidade de traze-lo de volta caso algo desse errado. Porém o moreno praticamente estava sendo levado com Loran.

Haziel olhou em volta para seus irmãos Sailens que ficaram esperando, algo havia dado errado... Ou não, afinal o puro ainda vivia, porém preso naquele sono, juntamente com o outro vampiro.

- E agora? - Freynan perguntou a Haziel 

- Não tem mais volta, continuaremos, assim que eu localizar o lacre tirarei. - continuou a entoar com o cálice sendo passado pelo corpo do puro. - O cálice carrega o sangue puro e irá indicar onde está e tiraremos. 

O grupo concordou e voltaram a posição inicial continuando o ritual.

Enquanto isso na mente de Loran ambos viam a outra face de Loran surgir.

As cenas confusas e sua cabeça latejava, ele sabia que não teria volta, estava perdendo o foco, precisava focar no que era importante. Ouviu uma voz e prestou atenção, era aquele vampiro, Adrian, ele entendeu o que lhe dizia, inspirou baixo e tirou a mão da cabeça olhando para frente para sua imagem refletida no espelho.

- Não é uma luta... Ivanshikov-san... - Loran virou o rosto para ele. - Não é isso... - Sorriu no canto dos olhos e caminhou para frente entrando no espelho.

No salão todos ainda entoavam aqueles canticos e Haziel passava o cálice pelos sete pontos desde a testa passando em uma linha reta parou perto da garganta e uma pequena mancha se formou subindo até o cálice como uma linha fina.

- Lacre 2 desfeito...

Haziel desceu naquela mesma linha desfez outro na altura do peito, em seguida na altura do abdome, continuou na altura ventre.

- Falta mais dois e pronto retiraremos os sete lacres.

No momento que falou isso o ambiente ficou mais denso e puderam sentir o clima mudar, ar gélido tomou tudo, um vento suave movia pelo lugar aquele ar gélido. Embaixo de seus pés puderam sentir um leve tremor.

Na mente de Loran, Adrian ainda não conseguia acreditar no que via, Loran dentro do espelho não lutava ou enfrentava aquele que ao que parecia era sua contra parte, no entanto as palavras dele para o vampiro irmão de Tohru ainda martelavam sem compreensão.

- O que? Como assim? Quem é aquele no espelho, então? O que está acontecendo aqui afinal? - Se perguntava vendo, perplexo, Loran e sua possível contraparte no espelho.

Ele se esforçava ao máximo por ambos para manter as mentes estáveis e seguras mesmo naquela situação completamente incompreensível pra ele. Nunca tivera seu poder tão exigido antes. E apesar das mentes ligadas, se sentia frustrado por não conseguir processar tudo aquilo e dar algum sentido a .toda aquela loucura.

-Loran-Sama...Loran- Sama...Tome cuidado...Precisamos voltar logo...Loran-Sama...

O puro sumiu dentro daquele espelho, algo estava mudando, algo muito forte e poderoso estava surgindo, o cenário em volta de Adrian havia modificado, ele estava em uma cidade antiga, onde todos estava andando pelas ruas assustados, havia barulho de bombas ao longe explodindo e pessoas correndo para se esconder.

Uma névoa tomou o lugar e tudo começou a ficar frio, era um ar gélido que chegava atingir até a alma, um leve arrepio percorreu a espinha do vampiro que parecia inerte a tudo que acontecia, pessoas correndo, criaturas surgindo vorazes atacando aquelas pessoas.

Não conseguia localizar Loran em meio aquele caos, novo ataque e um grupo grande de vampiros avançaram contra aqueles humanos, encurralados gritavam de pavor. Adrian mal podia se mexer quanto mais ajudar aqueles que provavelmente sofreriam um massacre nas mãos daqueles vampiros. A voz não saia, o corpo não se mexia e tudo era um cenário de horror.

- Vamos... ataquem... Não deixe nenhum deles vivos... - uns vampiros gritavam entre si. 

Avançaram enfurecidos quando de repente parou entre eles e os humanos um puro, aquele grupo de vampiros esperou apreensivos atitude daquele puro. Curvaram-se assustados quando o olhar frio caiu sobre eles.
- Klaus sama... - O primeiro se aproximou. - Estamos vencendo a guerra, vieste ver o resto dos humanos que estamos devorando desaparecer?

O puro olhava-o inerte em sua expressão fria e distante. Virou os olhos aquele grupo de humanos onde havia mulheres, crianças e dois homens que estavam tentando defender-se com espadas e facões.

- Vamos atacar de uma vez... - um deles avançou.

- Pare. - A voz de comando veio suave atingindo o vampiro que avançava feroz fazendo-o parar de imediato.

- Klaus sama, por que? - O vampiro que liderava o grupo não entendeu a ordem, apesar de obedecer de imediato.

- Ajoelhem-se. - Novamente o puro ordenou.

E todos o fizeram de imediato.

O puro se virou para o grupo de humanos e usou seu poder de vento e terra para abrir uma fenda na parede de pedra.

- Vão. - ordenou aos humanos.

Assustados olharam entre si pouco entendendo o que estava acontecendo, porém uma mulher puxou o grupo de crianças e em seguida o restante fugiu pela fenda. Os dois homens, não compreendiam aquela atitude, porém preferiram fugir do que descobrir o que estava realmente acontecendo.

- Klaus sama, por que deixaste fugirem? - o vampiro estava espantado com aquela atitude.

- Voltem e não venham mais nessa vila caçar. - Ordenou novamente.

Os vampiros mesmo sem entender aquele ato, levantaram e fizeram o que foi ordenado, porém o líder deles ficou, era nítido que estava enfrentando a ordem da voz de comando do puro.

- Klaus sama, perdoe-me, mas não irei sem saber o real motivo disso...?- Ele tremia mostrando nitidamente seu esforço máximo em enfrentar a voz de comando do puro. - Diga-me Klaus sama, por que ajudou os humanos a fugir? Por que está ordenando evacuar a cidade?

Klaus não respondia, somente virou-se e ordenou novamente que ele fosse embora com os demais vampiros.

- Não... - estremeceu e ofegou baixo quando notou o olhar gélido do puro. Engolindo seco, levantou desobedecendo a ordem de partir.

- Ajoelhe-se. - Klaus ordenou.

- Está traindo nossa raça, ajudando os humanos, Kuran-sama. - O vampiro falou demonstrando certa raiva e decepção. - Ficará do lado dos humanos?

- Ajoelhe-se. - Klaus falou novamente.

O vampiro não conseguiu mais resistir e caiu de joelhos aos pés de Klaus que olhava-o friamente.

- Chega de lutas e guerras, evacue a cidade...

Klaus se virou e deixou o vampiro ali de joelhos rosnando.

- TRAIDOOORRRR... - Urrou o vampiro que avançou contra Klaus.


Klaus usou seu poder e o vampiro foi atingido por uma rajada de vento e começou a se desmanchar em sangue, conforme a pressão do ar aumentava, espedaçando-o. O vampiro em poucos segundo virou uma enorme poça de sangue e pedaços espalhados por todo beco, pouco depois o sangue evaporou e seus restos mortais viraram cinzas.
Adrian estava ali, parado observando tudo e ao que notara era somente um espectador daquelas memórias.

Klaus saiu daquele beco e a cena mudou, dessa vez Adrian observava um grupo de humanos com armas preparava uma emboscada em um prédio longe do centro da cidade. Klaus chegará e observava o lugar.

- Estou aqui conforme combinado, vão ficar se escondendo ou virão falar sobre o fim dessa guerra. - falou ao parar no centro daquela enorme sala vazia, sabia exatamente onde estava cada humano naquele lugar.

Adrian novamente estava preso em outra lembrança da mente de Loran, possivelmente lembrança do passado bem distante daquele puro.

Haziel continuava a tirar o lacre, retirou o sexto que ficava na altura das pernas e foi para o último que era nos pés, conforme ia aproximando o cálice o chão debaixo dos seus pés começou a tremer, a terra estava agitada e ouviram sussurros dentro daquele ambiente, o grupo parou de entoar os cânticos e ficaram em silêncio aguardando o último lacre ser desfeito.

Aquele grupo de humanos tinha um objetivo, estavam ali para um “acordo”, era o que Klaus havia entendido, porém ao chegar perto do centro do lugar sentiu suas pernas fraquejarem e ele caiu de joelhos, estranhou sua pernas pesavam como quem estivesse com chumbo amarrados nelas, tentou levantar, porém sem sucesso.

- O que é isso? - falou baixo começando a se irritar.

- Conseguimos?! - Uma voz ecoou baixo do lado esquerdo daquela enorme sala.

- Ele não consegue se mexer, isso quer dizer que aquela magia funciona. - Um outro respondeu saindo das sombras. - Agora, vamos prende-lo, traga o caixão.

Klaus arregalou os olhos ao ouvir aquilo, estava sendo capturado, para ele era algo impossível de acreditar, tentou lutar em vão para se levantar, no entanto quanto mais força colocava para erguer-se mais era preso ao chão. Com esforço tremendo rosnou alto tentando levantar novamente, os humanos que traziam um caixão colocaram no chão perto dele e se afastaram assustados.

- Vamos, ele não vai conseguir fugir, tragam-me o resto do veneno.- O segundo humano naquela sala, ao que parecia era o líder do grupo ordenou, pegando uma adaga. - Escute vampiro, pois será a última coisa que vai ouvir, está sendo condenado pelo seus crimes em nome de Deus, iremos lhe mostrar como exemplo para os demais vampiros saberem que não se pode enfrentar a irá de Deus.

Klaus rosnou novamente e entre os dentes falou a eles.

- Venho em paz para lhes ajudar a terminar com essa guerra e assim que me tratam? - bufava ainda lutando para se levantar. - Solte-me e verei se polparei suas vidas...- ordenou.

Alguns humanos sentiram o peso daquelas palavras e como quem seguissem a ordem tentaram se aproximar para soltar o vampiro.

- PAREMM... - O líder do grupo gritou e passou lâmina em um líquido amarelado e estocou a lâmina no peito do puro.

Klaus urrou alto e caiu no chão, ofegava com a dor enorme que sentia no peito, não compreendia por que não conseguia se livrar daquelas amarras. Estava preso sobre uma magia poderosa e aquelas armas que estavam usando contra ele o fazia sentir enormes dores.

-Mal...ditos... - falou entre gemidos graves de dor.- Maldi...toss...- falou perdendo o fôlego e em seguida a consciência.

Os olhos estavam turvos e ele sentia o gosto do próprio sangue escorrendo na sua garganta, seu corpo todo doía muito, sentia seu sangue escorrer, estava perdendo muito sangue, sabia disso. O mais assustador era que não conseguia fazer nada para evitar, ainda estava amordaçado aquele peso enorme que o prendia para evitar de agir ou usar seus poderes.

Questionou mentalmente que força poderosa era aquela que o mantinha preso e impedido de se defender ou fugir? Virou os olhos na órbita e vi um grupo de humanos que recolhiam bacias e despejavam o líquido rubro dentro de enormes jarras de vidro, era seu sangue, sabia disso, era sua essência sendo roubada.

- Retirem tudo, levem para o Bispo.- A voz semelhante ao que ouvira antes de apagar estava presente. -Quero terminar logo isso.

O puro estava perdendo o foco e rosnou baixo, falando por fim.

- Amaldiçoo-o para eternidade... - a voz falhava, no entanto ele entoou aquelas palavras malditas. - ...Sob juramento de meu sangue roubado, pagaram pela eternidade, amaldiçoo-os gerações por gerações... - Um brilho forte tomou conta do lugar.

- Desgraçado... - humano pegou um machado e correu para o vampiro deitado naquela mesa de pedra que sangrava e levantou ao alto. - MORRAAA BESTA …

Klaus continuou a proferir com dificuldade aquelas palavras de uma maldição quando viu o olhar do humano deferindo o machado e descendo direto para seu pescoço. Assim a cabeça do puro caiu da mesa rolando no chão parando aos pés daquele algoz que lhe degolara.
- Maldito, que o inferno o receba... - chutou a cabeça e caminhou até a mesa de pedra largando o machado ao lado. Os demais humanos olhavam assustados, alguns começaram a se benzer preocupados com a maldição entoada pela besta sanguinolenta.

- CALEM A BOCA... NÃO CONFIAM EM NOSSO SENHOR DEUS ?!!! - gritou o humano que acabara de degolar o vampiro. - Esse monstro vai direto para o inferno.

O grupo de humanos se aproximaram e dois deles pareciam estranhamente perturbados, um olhou para o outro e pegaram facões.

- Vamos despedaçar o monstro e jogar fora as partes, assim ele não vai voltar do inferno para nos pegar. - Um deles ria baixo quase de forma insana.

Os outros dois concordaram e olharam o líder deles que concordou e assim esquartejaram o vampiro, enrolaram partes dele em vários sacos e fecharam amarrando cruzes em cada parte do corpo que estava nos sacos de estopas, entregaram a outros humanos que foram para todos os cantos do Japão e enterraram longe das cidades.

As lembranças que Adrian via era a mente de Loran, o puro estava no espelho e olhou o vampiro que era seu guia naquela volta ao passado.

- Ivanshikov-san... -chamou-o e saiu do espelho. Klaus caminhou até o vampiro e parou diante dele olhando inexpressivo. - Está na hora de voltar... Caminhou novamente para fora daquele lugar, ambos estavam voltando.

Haziel finalmente removeu o último lacre e todo lugar ficou pesado, o ar se misturava entre frio, calor, vento e terra, eles conseguiam sentir a diferença de climas, assim como o cheiro de sangue pairando entre aqueles elementos.

O vampiro feiticeiro aproximou e olhou o rosto do rei, inspirou profundamente e afastou novamente, dessa vez se curvando em reverência a ele. Os demais vampiros que participaram daquele ritual fizeram o mesmo.

Quando Klaus parou diante do espelho virou o olhar a Adrian, seu rosto começou a mudar e a face de Loran tomou o lugar da face de Klaus.

- Como eu havia lhe dito antes, não é uma luta contra mim mesmo e sim a retomada do meu verdadeiro eu... - Loran fechou os olhos e voltou pelo espelho.

No salão principal Loran abriu os olhos e seus poderes começaram a serem controlados, o jovem puro agora livre de seu lacre, levantou o corpo e sentou na mesa de pedra olhando todos.

- Agradeço a todos pela ajuda, finalmente estou livre... - Loran tinha um olhar frio e inexpressivo, porém o sorriso no canto dos lábios demonstrava a sua satisfação em está de volta.


Adrian podia sentir o enorme poder daquele puro, a sensação de quase devoção caiu sobre ele e mesmo que não fosse pedido ainda assim se curvaria diante de tamanho poder e presença. Aliá todo castelo e quem estava nele puderam sentir a presença poderosa do sangue puro liberto de sua prisão lacrada pelos hunters Kristans.

A sua presença era muito intensa, no entanto, podiam sentir que não lhe oferecia nenhuma hostilidade, ao contrário a sensação era de está em segurança. Loran caminhou entre eles que sorriam satisfeitos com aquele puro, ele realmente tinha a postura e poder de um rei. 

- Levantem-se. - falou suavemente.

Todos o fizeram e ainda mantendo a postura respeitosa esperaram pelas palavras do rei.

Loran olhou Adrian e piscou voltando a ajeitar a sua vestes, estava todo de negro e enrolou as mangas da blusa até altura dos cotovelos de cada braço. 

- Haziel-san, fez um excelente trabalho grato por ter usado seus poderes ritualista e soltar esses lacres. 

- Foi uma honra Loran sama, aproveitando quero lhe confirmar que o clã Sailens está a seu completo dispor, assim transmito em nome de nosso ancião Maxmillian essa aliança. - Haziel olhou o vampiro que servira de guia a Loran. 

- Ótimo, transmita ao seu senhor que o receberei e que seja breve, por hora estão dispensados, volto a ressaltar que sou admirador de vossos poderes. - Sorriu por fim de forma agradecida.

Haziel e os demais se curvaram e retiraram deixando Adrian e Loran naquela sala, logo após a saída deles um grupo de servos entraram e pararam diante de Loran, tinham olhos brilhantes e curvavam em respeito e admiração ao puro. 

- Vou deixá-los cuidando da organização e limpeza desse salão, peço desculpas pelo trabalho que estou dando, agradeço a ajuda de todos. - Falou estendendo a mão e cumprimentando um a um dos servos.

Conforme ele curvava e os cumprimentava despertavam ainda mais admiração a ele. 

- Vamos Ivashikov-san, acredito que tenha perguntas sobre o que viu e posso responder a medida do possível. - caminhou para fora da sala atravessando o corredor largo do castelo.

Conforme passava despertava olhares e admirações de servos que trabalhava por ali, Adrian notava isso a presença do puro que ele vira no passado estava ali presente.