Ela andava entre um movimento o outro do corredor
onde e para onde ninguém sabia, somente uma empregada
parecia lhe seguida onde quer que fosse. Ela então parou.
olhou em volta e ficou estacionada, queria saber o que
estava fazendo ali, e por que tinha ido parar ali.
Ela estava em frente aos quadros de seu marido
e seu filho, ambos mortos e sua mente queria saber
o por que disso a muito anos. Tinha um ódio mortal
de uma pessoa e de uma parte de sua própria especie.
Tudo por que eles fizeram isso com seu adorado filho.
Tudo culpa daqueles desgraçados sangues puros, que
fizeram seu filho cair em ruínas, e deixar para sempre
o convivo de seu próprio lar, e decair de tal forma
se torando um mero capacho daqueles seres.
Ela jamais aceitaria isso, jamais aceitou isso, jamais
vai aceitar isso. Seu próprio marido foi morto pelas mãos
de seu filho, perdeu as dois em tão pouco espaço de tempo,
e quando menos percebe sua própria filha tira a vida de
seu irmão. Acabando com ele. Com isso era possível.
Como sua vida pode ter sido tão cruel assim. Acabar com
sua família, em um gesto tão simples.
Ela olhava os retratos, vendo que aqueles dois homens
jamais iriam voltar, seu amado filho e seu amado marido.
Tudo por culpa dos sangues puros, e suas idiocrasias, seu
ódio era grande, e por elas todos os sangues puros poderiam
morrer, não ligava para eles, todos eram da mesma laia.
Então ela saiu de perto dos quadros, indo em direção a seus
aposentos. A empregada como sempre a acompanhava em
cada movimento. Ela não gostava disso, mas tinha sido uma
ordem de seu genro para ela não ficar sozinha nunca.
Isso era cansativo, mas muito chato e irritante.
Como se ela fosse uma criança que precisasse de ajuda
a cada cinco segundos.
Ela tinha nascido no tempo das maiores guerras, passou por
diversas coisas, e depois da morte do marido e filho, tinha
ficado mais abalada do que nunca, e agora estava sozinha
naquela enorme mansão. Tudo por que sua filha tinha sumido
no mundo querendo liberdade, e seu genro como sempre
indo atras dela. E depois ela quem era a complicada.
Ela então entrou no quarto, que estava meio bagunçado, com
diversas malas espalhadas e roupas para serem arrumadas.
Ela sabia o que iria fazer e ia fazer isso agora mesmo.
Não ia mais ficar sozinha naquela enorme casa, iria em fim
fazer alguma coisa. Afinal nesse caos todo, tinha uma neta.
E queria saber como ela era. Dando ordens como sempre.
- Mandem que suba mais pessoas, quero isso tudo pronto,
no final de semana, quero partir logo. - falava ela como sempre
imperiosa e orgulhosa.
Ela sabia que tinha que fazer isso, algo nela dizia isso, como
se seus proprios dias estivessem contados, e que ela então
precisasse conhecer mais aquela que era sua neta. E tentar
acetar o mundo com sua filha, mesmo sempre tendo colocado
a culpa de tudo o que aconteceu nela.