Corredor

Quando Rose abria a porta ainda pensando no que havia acontecido se depara com a garota correndo a sua direção como se fosse se jogar contra a porta.

Nessa hora, por ter sido pega de surpresa, ela fica sem reação e apenas dá um passo para trás em uma tentativa de sair da frente dela para não acabar se chocando com ela, mas a garota freia de um jeito desengonçado diminuindo a velocidade até chegar nela. Ela tentava imaginar o porquê diabos ela estava prestes a se jogar contra sua porta. 

Mas antes de pronunciar alguma coisa começa a ser tateada pela Lily fazendo perguntas sobre estar machucada.

Sem entender a reação da menina e sem jeito por estar sendo tocada e pela preocupação dela, Rose nunca viu alguém que tinha acabado de conhecer tomar uma atitude tão protetora com ela.

- Eu estou bem, ninguém me machucou... 

Percebe que a garota estava falando sobre "ele" e imaginou que estava se referindo Loran. Como ela sabia que havia tido uma discussão? Deu para ouvir? 
Nessa hora começa a corar com uma cara de surpresa imaginando ela ouvindo seus gritos pelo corredor. Será que outras pessoas ouviram?
A imaginação dela começa a achar que várias pessoas que passaram pelo corredor ouviram ela gritando.

- Parecia que tinha alguém me machucando?  

Em seguida Lily fala sobre alguém ter invadido seu quarto.

- Era o meu noivo... E invadir não seria o melhor termo... - Dizia olhando para trás e vendo a porta que ligava os quartos aberta.

Lily tocando nas bochechas dela deixa ela ainda mais vermelha e inconscientemente começa a levar a cabeça um pouco para trás mas não o suficiente para afastar as mãos dela. Estava extremamente sem jeito com todo esse contato com a garota e estava se segurando para não dar um fora nela por que parecia realmente preocupada.

Rose pensava, a garota era curiosa, e curiosa e cara de pau. Ela teve coragem para bisbilhotar o quarto de um puro sangue. Ela não tem medo de morrer? Não que ela fosse matar, mas cada um tem sua reação, e ela não parece ter o instinto de sobrevivência. 

Em seguida a jovem começa a dizer que vai brigar com o Loran e Rose acaba dando uma risada e levando a mão até a boca para tentar abafar a reação. A menina é muito ingenua, ela foi criada longe da sociedade vampirica? 

Ela ainda estava tentando controlar a risada e acaba colocando a mão no batente da porta para se apoiar e tentar se controlar, ainda entre risos responde:

- Isso não será necessário. - risos - Eu já conversei com ele.

Ela passava a mão no rosto como um tentativa de voltar ao normal.

- Apenas tenta não ser suicida. Você parece não ter noção do que é um Puro Sangue de verdade.

Logo que sai de seu quarto ele ver Rose e a vampira espevitada, a principio sentiu um pouco de raiva de si mesmo por ter feito Rose gritar com ele, mas logo em seguida pensa que de certa forma fora bom, ao menos saberia como e a que ponto trataria ela. 

Caminhou até elas quando de repente parece que Rose estava sentindo algo, já que ela se apoiava na parede com a mão a boca. E a espevitada gesticulando como quem fosse atacar ou algo assim.

_Rose...-Olhou-a._Está sentindo algo?

Ele fazia uma expressão de preocupação, mas não parava de olhar aquela garota.

_A espevitada ai fez alguma coisa com você?

Olhou nos olhos da vampira esperando pela resposta.

"!Meu humor não está muito bom hoje... respira Loran, ainda em aula para assistir..."

Dizia a si mesmo enquanto olhava para ambas.

Rose já estava conseguindo voltar com a postura mas o rosto mantinha um leve corado. Ainda não tava acreditando que poderia existir alguém tão ingênua como aquela menina.

Olhando nos olhos dela responde de forma séria.

- Eu sou um Sangue Puro de verdade, mas eu me controlo. - Passa as mão nos cabelo para endireita-los. - Outros não são assim, são egoistas, se algo não vai de acordo com que eles querem, ou se alguém desacata com eles, eles fazem a vida dessa pessoa virar um inferno terminando normalmente na morte dela.

Vendo a menina ficar sem jeito fica com pena dela.

Fica com pena dela?

Rose começa fazer um alto reflexão. O que diabos estava fazendo? Desde quando tem pena de alguém? A convivência com Loran junto de humanos estava deixando ela mais mole? Há 50 anos ela ainda era uma assassina a sangue frio que matava humanos e vampiros sem nem pensar se eles tinham família, ou sentimentos.

Pensa em como essa mudança dela pode acabar criando pontos fracos. 

Começa a ficar um pouco nervosa com seu próprio pensamento.

Respira fundo, não conseguia maltratar ela por algum motivo. Será que a ingenuidade dela fazia isso? Um sentimento de curiosidade para ver até onde ela pode ir? Talvez.

- Você não está no lugar errado. Comigo não tem problema você ser assim. - Pensa em como Loran ficaria furioso com ela se fizesse algo com a menina. - Você só não pode é se comportar assim com todos. Se não pode acabar se machucando.

Dizia em um tom maternal como se estivesse tentando ensinar.

Logo em seguida vê Loran vindo em sua direção e falando sobre espevitada. Não entende o adjetivo mas logo que olha para o lado vê a garota cruzar os braços e depois gesticular de uma maneira engraçada dirigindo a palavra a ele.

Nessa hora era visível a vontade dela de rir, mas ela força os lábios um contra o outro em uma tentativa de não ceder. Dá um suspiro para tentar se controlar.

- Ela não fez nada. - Dizia passando a mão no rosto para tentar disfarçar a situação.

Loran repetiu o mesmo gesto para aquela vampira espevitada. Ele somente riu pra ela aquele jeito de falar e gesticular a ele nem era estranho. 

_ Ok. ..rs olhou para Rose e piscou, sentindo que aquela menina seria uma boa distração para Rose, haverá situações que não irá querer por perto, não por querer ela longe e  sim pela proteção. 

_Então já estão prontas para aula?

Raiven aparece no corredor, ela estava já uniformizada e cumprimentou-os. 

_Loran - sama... Rose-sama...- olhou a jovem vampira e fez um pequena reverência pra ela também. 

_E vamos aula?

Rose fica um pouco sem jeito com a piscada de Loran voltando a manter a pose que sempre fazia de imponente. Ainda estava chateada com a situação com ele mas decidiu não demonstrar.

Em seguida Raiven aparece e ela franze os olhos porque ainda não gostava da ideia de alguém sempre os seguindo. Não se sentia a vontade com ela por perto. Ela simplesmente a ignora.

Depois a garota vampira grita sobre a mochila e Rose fica sem reação vendo-a sair correndo de volta para o quarto e retornando carregando o objeto toda desarrumada. 

Olha de volta a Loran curiosa se ele também achava a menina no mínimo diferente.

- Vamos. - Disse andando indo em direção à primeira aula.

_Esse jeito dela me lembra liriel quando era mais nova por volta dos 10 anos, era divertido naquela época. -Ele riu quando ela gritou sobre a mochila ficou imaginando que pelo jeito dela que não deveria conviver muito com vampiros. 

_Hei espivitada antes de chegar na academia você não convivia muito com outro como nós não é? 

Ele Olhou Rose notando que ela no mínimo estava curiosa.

_ Ela lembra muito uma criança humana nem parece ser nobre ... -respondeu a ela como quem adivinhasse sua pergunta. _Muito interessante que tenham virado amigas. -Sorriu a Rose, ele sabia que não estava acostumada com atitudes diferentes ou exageradas e até mesmo sentimentais.  Era para ele muitas das vezes uma barreira mas também era bom ver a postura de Rose já que ela foi criada em meio a nobreza e se saia muito bem sem demonstra o que sentia. Observa-la lhe ajudava a segurar a pose diante daqueles vampiros e na certa diante da nobreza que teria que encarar fora da academia.

O grito encheu o corredor e um sorriso de satisfação brotou dos lábios de Stelian, ele se escondeu em um dos vãos das portas e ficou observando, ouvindo atentamente à conversa entre os dois vampiros, aparentemente Marshall falava alguma coisa que ele não conseguia compreender, mesmo se esforçando.
 
De qualquer forma, o objetivo havia sido atingido, agora ele precisava ser paciente, observar e esperar o momento certo para confortar a jovem Kuran. Como musicista, ele tinha alguma ideia do que poderia fazer para chamar a atenção, uma vez que, no dossiê encaminhado por Yuriev, havia a informação sobre o gosto musical da jovem Kuran.
 

Ele ficou ali no corredor, aguardando paciente a movimentação dentro do quarto.

Stelian aguardou até que Vasilissa e Tohru se retirassem, deixando-a ir com seu casaco.  Assim que as duas jovens sumiram pelo corredor ele deu passagem para que Rose seguisse em frente.
 
- Vamos até a ala masculina, acredito que, pelo horário o senhor Kuran esteja em seu dormitório, espero que não sejamos inoportunos – Stelian começou, com seu modo formal, ainda mais por se referir a um puro sangue, era claro o respeito do vampiro pela casta.
 
- Espero que a senhorita Tohru descanse, eu passarei mais tarde para vê-la – ele olhou então para Rose, caminhando ao lado dela , subindo as escadas, vendo as duas outras vampiras alguns passos à frente – Acredito que ela e seu marido tiveram algum tipo de discussão, mas eu não procurei me aprofundar no assunto. Ela estava abalada quando a encontrei – aquelas informações bastavam, além disso, falar demais poderia indicar que sabia mais e isso ela não demonstrava.
 
As meninas viraram a curva no corredor, indo para a ala feminina e Stelian virou com Rose para a ala masculina, caminhando então até diante da porta do quarto de Loran Kuran.
 
- Então, aqui estamos – ele disse, dando duas leves batidas à porta. Aquilo era um gesto apenas para manter as aparências, algo feito quase de que forma mecânica pois, como vampiro, ele sentia perfeitamente que não havia ninguém ali.
 

- Acredito que o senhor Loran não esta em seus aposentos – ele virou-se de frente para Rose – o que faremos agora? – ele questinou a outra vampira.

Rose franziu a testa, intrigada. Coçando a cabeça, contrafeita, respondeu.
-Bem...Podemos procurar o outro Sangue-puro, Charles Lutont, ou a noiva do Kuran, Rose Valentine, mas... Posso estar ficando paranóica, mas desde um pouco mais cedo não estava sentindo a aura dos figurões...Não estou gostando nada disso...Lissa vai ter um ataque...Vamos verificar os outros pra ver.

Stelian assentiu e então seguiu com a vampira guardiã para as demais portas, apenas e mais uma vez, por um gesto mecânico. Não havia aura dentro dos quartos e aquilo era deveras alarmante. Três puro sangue no mesmo lugar, os três desaparecidos. Ele ficou em uma posição ereta, encarando a madeira da última porta que tentaram, a de Rose Valentine, parecia pensativo.

"Yuriev, meu senhor, será que sabe algo sobre isso? Acredito que seja uma informação bastante relevante de que o senhor Kuran tem se retirado da Academia" - ele levou a mão ao bolso, porém, seu celular havia ficado no bolso do casaco de Tohru. Por sorte era bloqueado com senha - "Que erro tolo..." - ele franziu o cenho, zangado consigo mesmo.

- Senhorita Hathway - ele virou-se para Rose, ainda com aquela expressão pensativa - O que faremos agora? - era uma pergunta quase retórica - Venha, vamos avisar somente Vasilissa e ver o que ela acha disso.

Rose xingou um palavrão bem feio em russo, do repertório de Dimitri e bufou . Aquela noite realmente estava sendo um desastre! O que ainda faltava acontecer? Melhor nem perguntar...
-Por Vladimir! O que esses PB tem na cabeça?!?Sim, o que estamos esperando? Ai,ai, o que stá acontecendo aqui, afinal?


Começou a correr em direção à ala feminina, para o quarto que dividia com Lissa.

Quando já entravam na ala feminina do Dormitório da Lua, Rose deu uma parada tomada por uma violenta coceira. Imediatamente, seus olhos ficaram dourados e mirando o vazio. Rose, através do laço psíquico que possuía com Lissa desde que ela a trouxera de volta da morte na ocasião do acidente que vitimara os pais e o irmão de Lissa, pôde acompanhar toda a conversa entre ela e Tohru e soube, sentindo os efeitos colaterais em sua pele. que Lissa usara o espírito em Tohru.

- "Por que não estou surpresa? Mas a pobre menina precisava...Que situação...Grávida e abandonada. - pensou Rose, e franziu a testa, zangada, lembrando-se de sua mãe, também deixada sozinha pelo mafioso do pai,Abe Mazur.


Pensando rápido, teve uma ideia. 
- Senhor Stelian, pensando bem, como parece que temos um caso de fuga em massa nas mãos, melhor seria avisar logo a diretora e os monitores. Poderia, por favor, procurá-los por mim, enquanto eu aviso a Lissa? Sei que ela vai criar uma cena e eu sei como lidar com ela, sem assustar a nossa princesinha... Já sabe onde fica a diretoria, não é? Lá eles o informarão como contactá-la.  Daqui a pouco nos vemos! - e saiu, sem esperar resposta, rumo ao quarto delas.